Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre a memória (e seus desdobramentos) na obra Cadernos de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo. Um relato universal sobre as relações entre metrópoles e colônias ao longo da história, que remonta o período de dominação portuguesa em Moçambique. Sutilmente individual e explicitamente coletiva, a crônica escrita por Figueiredo atualiza o debate pós-colonial. Remonta o passado de dor, as feridas ainda não cicatrizadas, a crueldade e as memórias da opressão do colonizador branco europeu sobre o negro africano colonizado, espelhadas pela figura paterna. A autora coloca-se à sombra do pai, assume suas culpas e de toda a perversidade do processo colonial imposto no país africano.
Se “o dever de memória é o dever de fazer justiça, pela lembrança, a um outro que não o si” (RICOEUR, 2007, p. 101), conforme destaca Ricoeur, ao citar Aristóteles, em A história, a memória e o esquecimento, as reflexões publicadas pela autora de Cadernos de memórias coloniais consolidam-se no rol dos textos fundamentais para se pensar a sociedade portuguesa e africana no contexto da pós-colonialidade. Para isso, além de Ricoeur, recorreremos aos postulados de Michael Pollak, Walter Benjamin, Homi Bhabha, Gayatri Spivak, dentre outros teóricos que refletiram sobre os respectivos temas que compõem este trabalho.
Palavras-chave: Memória; Colonialismo; Pós-Colonialismo; História; Literatura.