Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
O “FALINVENTAR” ALEGÓRICO EM ESTÓRIAS ABENSONHADAS, DE MIA COUTO
ROSEMARY CONCEIÇÃO DOS SANTOS, JOSÉ APARECIDO DA SILVA
Este trabalho trata da construção alegórica alcançada por Mia Couto no exercício do “faliventar” por ele praticado em Estórias Abensonhadas. Este “falinventar”, entendido como recriação estética da linguagem, buscando resgatar, refletir sobre e compreender, o processo identitário moçambicano que, reconciliado com a oralidade e a textualidade, resulta em metáforas de elevado potencial inventivo. A complexidade destas metáforas, entretanto, deixando entrever um viés alegórico da temática que o autor realmente quer tratar. Entendendo palavras e conceitos como materialidades em movimento constante, temas como tradição, religião, terra, tempo, identidade, diálogo e diferenças culturais, entre outros, encontram-se alegorizados nos termos recriados pelo autor, preenchendo e revestindo o desenvolvimento de diversas reflexões. Tais alegorizações sendo reforçadas pela topofilia, elo pessoal que suas personagens estabelecem com os ambientes físico e imaginário, responsável pela multiplicidade de significações culturais e individuais manifestadas por todos os elementos que nela se encontram inseridos. Experiências literárias por excelência, ao conferirem sentido de pertencimento, e lugares da memória, ao espaço que as circunda, tais experiências viabilizam vivências individuais e coletivas, promotoras de inscrições textuais em complexidades alegóricas, aqui entendidas como metáforas continuadas. Analisadas pelo viés teórico pós-colonialista, constroem enunciações das traduções culturais, tradições e transformações do mundo contemporâneo. Direção, esta, que também viabiliza reflexões histórico-literárias e antropológico-míticas de questões propostas ora por narradores e personagens, ora pelo discurso autoral, ensejando localizar similaridades e diferenças nos enredos analisados. Assim focalizados, os contos integrantes de Estórias Abensonhadas se revelam matrizes literárias capazes de revelar o antigo no atual, o real no imaginário e o individual no social descerrando um microcosmo de dialogismo entre a literatura moçambicana e a literatura universal, qualquer que seja seu contexto de origem.
Palavras-chave: LITERATURA MOÇAMBICANA, DIALOGISMO PÓS-COLONIAL, ALEGORIA, FALINVENTAR
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