Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Desconstruções do sujeito feminino no romance “Rastejo”: domínio, submissão e protagonismo
Davi Tintino Filho (UFRN), DERIVALDO DOS SANTOS (UFRN)
Este trabalho propõe, com base no delineamento temático do Simpósio "Políticas literárias e escritas afetivas: o lugar dos sujeitos invisíveis", uma reflexão acerca do espaço do romance como um "local" político de formação e desconstrução de subjetividades (GUATTARI; ROLNIK, 1997), como estereótipos, comportamentos e culturas de inferiorização e silenciamento, os quais determinaram (e determinam), na história da humanidade, modos prescritivos de ser dos diversos sujeitos sociais, entre eles, o feminino. Nesse sentido, toma-se, como objeto de estudo, o romance “Rastejo” (2017), do escritor norte-rio-grandense Humberto Hermenegildo de Araújo, que ambienta o enredo no contexto histórico da modernização e industrialização pelo qual passou Natal, capital potiguar, ao longo do século XX, quando recebeu levas de migrantes de diversas localidades do Estado. Nesse ambiente, através da dicção masculina em primeira pessoa do narrador Pedro da Costa (remanescente de sertanejo, que chega à cidade, ainda criança, com sua família, em busca de melhores condições de vida), tem-se acesso ao percurso e ao destino das principais personagens femininas – a mãe e as irmãs do protagonista. Cabe-nos, assim, por meio de uma leitura imanente com viés sociológico, discutir como a escritura de Araújo realiza representações literárias da mulher que, por um lado, apontam as condições sociais e culturais da subalternidade (SPIVAK, 2010) mas que, por outro, também conseguem seguir “outras vias, diferentes das traçadas por seus pais” (BADINTER, 1986), contradizendo os locais e as condições até então determinados para ela. Resulta, portanto, da análise, o reconhecimento de uma literatura, com forte pendor político-ideológico, no sentido de tentar desconstruir a supremacia de uma cultura eurocêntrica, branca e masculina, considerando o teor da subjetividade e do protagonismo que cada uma das mulheres da narrativa revela, seguindo, provocativamente, a reflexão do “que é uma mulher?” (1960, p. 7), de Simone de Beauvoir.
Palavras-chave: Romance Rastejo; Literatura política; Desconstrução; Protagonismo; Sujeito feminino.
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