Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
MACHADO DE ASSIS E O CÂNONE: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
THAMIRES REGINA ANTUNES GONÇALVES, JOÃO CEZAR DE CASTRO ROCHA
“Amas Machado de Assis?... esta inquietação me melancoliza.” Mário de Andrade traz esta indagação logo no primeiro parágrafo de seu texto sobre o autor em Aspectos da Literatura Brasileira. O texto de Andrade foi escrito em celebração ao centenário do autor e destaca as contribuições de Machado enquanto romancista, poeta, contista e cronista; além de discutir as posições ideológicas e o papel do autor na sociedade letrada oitocentista. O texto, espécie de exaltação melancólica da carreira de Machado de Assis, será ponto de partida para a reflexão sobre os aspectos que contribuíram para a canonização de Machado de Assis. A compreensão deste complexo processo começa no estudo das escolhas literário-comerciais feitas pelo Bruxo do Cosme Velho ao longo da vida, enfatizando a sua longa relação com o livreiro B. L. Garnier. Destacam-se também suas contribuições para a crítica literária, com especial atenção aos textos “Ideal do crítico” e “Instinto de Nacionalidade”. No primeiro, Machado discute o papel do crítico naquele período, propondo que a crítica feita deveria seguir determinados preceitos, deixando de lado intrigas e amizades. “Instinto de nacionalidade” propõe uma reflexão sobre o estado da Literatura Brasileira, colocando em xeque a contribuição que o excesso de obras que tratavam da “cor local” para a consolidação da literatura no país, propondo a ideia de que era possível escrever obras que se detivessem na análise de caracteres. O texto traz ainda um panorama do romance, poesia, teatro e língua no século XIX. Segundo Machado de Assis, só a crítica fecunda poderia contribuir para a consolidação da Literatura Brasileira. Considerando que o processo de canonização depende da aceitação – ou não – pelos pares, assim como de instâncias de consagração que reafirmam a posição central de Machado de Assis no campo literário brasileiro, será necessário levar em conta para esta singela reflexão os textos de crítica do próprio Machado, de seus contemporâneos, e de críticos atuais.
Palavras-chave: MACHADO DE ASSIS, CRÍTICA LITERÁRIA, CÂNONE
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