Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Desconstrução e descentramento do ser/saber: outras histórias a partir da leitura/ escrita feminina negra de Jovina Souza
Érica Azevedo Santos (Universidade Federal da Bahia)
Kilomba (2019), ao discorrer sobre a escrita, afirma que por meio dela torna-se oposição do que o projeto colonial predeterminou, haja vista que ao escrever torna-se autora e autoridade da própria história. É esse caminho trilhado e construído pela escrita negra na busca pela construção de sua própria narrativa, inserindo suas vivências numa sociedade que trabalha constantemente para oprimir, explorar e invisibilizar as produções culturais das pessoas negras. Jovina Souza escolheu a escrita literária como arma política, construindo uma poética que, usando as palavras de Freitas (2021, p.17) “transgride as normas da elegância e do bem dizer que, com aplausos da grande plateia, camuflam as violências cotidianas do racismo, ou ainda um projeto negrocida nacional, assim como solapam a memória da diáspora, nossos saberes ancestrais”. Souza vem produzindo uma poética demarcando seu lugar de mulher negra que trilha o próprio caminho e constrói pegadas e alicerces com os (en)cantos de sua ancestralidade e convoca seus pares, especialmente as mulheres negras, a seguir na caminhada. Objetiva-se, neste texto, analisar o modo como a escrita feminina negra vem sendo utilizada como projeto político a fim de desconstruir e descentrar o poder e o saber, através da leitura dos poemas “refazendo histórias negras” e “sou mulher preta”, presentes no livro O levante da Fênix (2021), da escritora baiana Jovina Souza, autora de uma poética rica em imagens da cultura africana que carrega a força e a magia de toda uma ancestralidade.
Palavras-chave: Escrita negra; Escrita feminina, Jovina Souza.
VOLTAR