Atualmente, estamos cada vez mais imersos no mundo tecnológico e nas redes sociais, sendo uma das mais comuns, o Facebook. Os adolescentes, em especial, utilizam essa rede social para compartilhar emoções, angústias, conhecer e ampliar sua rede de amigos, que passou da simples presentificação, para o ambiente virtual. Nesse ínterim, vemos constantemente o compartilhamento de citações literárias, sejam de autores consagrados, como Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Caio Fernando de Abreu, como de autores desconhecidos. A partir dessas perspectivas – postagem de citações literárias – é possível discutirmos nesse suporte, práticas de leitura, como nos afirma Chartier (2002), os suportes mudaram, do livro impresso para a textualidade eletrônica, mas a leitura não deixou de existir. Contudo, o mesmo autor adverte que na transposição do texto impresso, por meio dessas frases, para a tela do computador, o texto não será o mesmo, pois ele passará por modificações, assim como a recepção desse recorte/fragmento também não será a mesma por esses novos leitores. Essa comunicação se propõe a apresentar duas perspectivas sobre as mensagens compartilhadas de obras literárias: a primeira diz respeito a quebra do esteriótipo de que os adolescentes não leem, uma vez que isso seria negar os novos suportes em que circula a leitura, negando sua própria existência fora do ambiente escolar, assim como a existência das relações tecnológicas e midiáticas, no ambiente do século XXI em que os adolescentes se encontram inseridos, sendo entendidos como nativos digitais por Palfrey e Gasser (2011), em uma esfera, a escola, que ainda apresenta resistência para compreender esse novo espaço, seria pensarmos em uma educação do século XX, com alunos do século XXI; segundo pensar em que medida esses mensagens compartilhadas, em forma de frases, modificam-se do texto impresso, uma vez que são citações fragmentadas, que a elas são agregadas imagens ou post. Rojo (2012) afirma que a escola precisa estar focada nessa nova realidade, é preciso compreendê-la, antes de qualquer coisa, pois isso significa entender os próprios sujeitos leitores. O aluno dentro do espaço da escola entra em contato, conforme aponta Cereja (2005), com o discurso historiográfico da literatura, não com as obras em si, fora do ambiente da escola, por meio dos diversos suportes: tablets, celulares, Ipads entre outros e nas redes sociais, acaba tendo contato com o texto literário, modificado, mas que está ali, posto para leitura e suas diversas possibilidades, compartilhamento, comentários etc. Acreditamos que seja preciso explorar esse suporte, o Facebook, como espaço de leitura, mas que essa deva ser orientada, evitando, com isso o compartilhamento de mensagens atribuídas a um dado autor que possa não ser dele. Contudo, não podemos descartar que esse compartilhamento de mensagens gera e fomenta a leitura, em suas diversas formas.