O presente artigo pesquisa visa identificar e problematizar – no interior da obra de Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878), o Visconde de Porto Seguro – os elementos mais visíveis do discurso sobre a chamada identidade nacional elaborado pelas elites brasileiras, chamando atenção para suas raízes de nítido perfil conservador. No entanto, mais do que indagar acerca do conservadorismo como fenômeno político, nosso foco estará direcionado para o aspecto cultural dessa manifestação de ideias. Em particular, a forma como tal corrente de opinião expressou seus desejos e impasses por meio de recursos estéticos, lançando mão, inclusive de narrativas com forte impacto ficcional conforme aquelas contidas na historiografia de Porto Seguro. Para auxiliar na compreensão dos mecanismos de legitimação dessa ordem- excludente e autoritária, por excelência - será convocado o depoimento de importantes comentadores da obra de Varnhagen, a exemplo de Antonio Candido, Sergio Buarque de Hollanda e Caio Prado Júnior, em chave crítica; e Oliveira Vianna e Gilberto Freyre, entre outros, em registro mais apologético. Nosso objetivo, dessa maneira, persegue a compreensão do motivo pelo qual as representações ideadas por autores como Varnhagen, mas não só ele, prosseguem tão presentes no imaginário contemporâneo. Quero crer que abordagem do caráter antropológico da ficcionalidade – na moldura concebida por Wolfgang Iser e desenvolvida por João Cezar Castro Rocha — permitirá promover essa aproximação em face da obra de um autor ainda pouco estudado na área de Letras.
Palavras-chave: LITERATURA,, QUESTÃO NACIONAL, HISTÓRIA