Pensar antropofagicamente tem sido o grande desafio não apenas para os estudiosos da área de humanas, mas para qualquer habitante do século XXI. No entanto, algumas posturas engessadas em certos fundamentalismos nos invocam permanentemente a revisitarmos os documentos de nossa memória cultural. Focando-se na Ditadura Civil e Militar Brasileira instaurada em 1964, com vistas a recontar o que fora perpetrado na vida simbólica de nosso país, o trabalho aqui proposto pretende recortar algumas imagens e gestos que, apesar de tudo – em referência à obra de Didi-Huberman – conseguiram complexificar em suas narrativas tanto o golpe como o ruído venturoso daqueles que produziram cultura, evidenciando, como não poderia deixar de ser, a força da cultura em promover as rupturas necessárias para se encarar o presente. Assim, propõe-se um diálogo entre algumas obras, como K, de Bernardo Kucinski, as perspectivas de Daniel Aarão Reis, e imagens representativas do período, como as de Elifas Andreato e as fotografias de Evandro Teixeira, buscando-se ampliar o debate no que tange aos modos de fabricação de nossa memória cultural e as táticas rarefeitas de conciliação no país, que, nos termos colocados por Renan, continua sendo, mais do que nunca, um necessário plebiscito diário.
Palavras-chave: NAÇÃO, IMAGEM, DITADURA CIVIL E MILITAR