Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
Dentro-fora de Intramuros: o livro em seus “limites”
Angela Célia Moreno Nunes Guerra (Universidade Federal de Uberlândia), Paulo Fonseca Andrade (Universidade Federal de Uberlândia)
Em Intramuros (2016), último livro publicado por Lygia Bojunga, nos deparamos com o espaço paratextual “Pra você que me lê” presente em tantas outras obras da autora. Porém, ao contrário do que se espera, nesse espaço, a autora, em seu diálogo com o leitor, não nos fala de um livro pronto, mas sim de um livro que deseja escrever e as dificuldades enfrentadas diante da página em branco. Um livro que fala sobre fazer o livro que se faz enquanto lemos, trazendo para dentro do livro tudo aquilo que Agamben (2018) diz pertencer ao submundo de fantasmas, ou seja, tudo aquilo que antecede o próprio livro. Esse espaço paratextual “Pra você que me lê”, que inicialmente poderíamos ver como um prefácio, se torna um espaço ambíguo que se dispersa por todo o livro fazendo com que não seja possível delimitar dentro e fora do texto ou dentro e fora do livro. Sabemos, como nos lembra Muzzi (2017) que o livro possui demarcações que o configuram enquanto objeto impresso, porém, em Intramuros, Bojunga lança mão desses espaços enquanto lugar de criação para nos apresentar a escrita do livro que deseja escrever. Portanto, por meio desse trabalho, temos por objetivo lançar nossos olhares para o modo como Bojunga se apropria dos espaços paratextuais para falar da escrita do próprio livro que temos em mãos, desconstruindo o que entendemos por livro enquanto objeto impresso, considerando como paratextos não somente os espaços materiais que margeiam o texto, como também tudo aquilo que antecede e sucede o próprio livro, como nos diz Genette (2010).
Palavras-chave: livro; paratextos; prefácio
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