Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
PAPO DE CAROL/ PAPO DE CAPITU: TRANSFICCIONALIZAÇÃO DAS PERSONAGENS MACHADIANAS NAS REDES SOCIAIS DO SÉCULO XXI
MARINA LEITE GONÇALVES, ROGÉRIO DE SOUZA SÉRGIO FERREIRA
Adaptar o clássico machadiano é um desafio que se renova a cada época. Pode-se contar a história da literatura de Machado de Assis, neste início de segunda década do século XXI, em termos das práticas adaptativas e intertextuais, à medida que as novas mídias tecnológicas e a criatividade alternativa, aliadas ao alcance da web 2.0., possibilitam a apropriação e o trânsito de suas narrativas no universo do ciberespaço. O reino digital convida o clássico machadiano a migrar da mídia impressa para infinitas redescobertas na cultura da convergência. Assim, novas expectativas intertextuais permitem Machado de Assis se ficcionalizar e circular com fluidez entre quadrinhos, desenhos animados, curtas, vídeos, games, redes sociais, mostrando a capacidade de sua literatura em se reconfigurar de acordo com as condições de criatividade atuais. Este trabalho tem como objetivo analisar a websérie Papo de Carol, projeto experimental de narrativa transmídia, realizado pelos acadêmicos do Curso de Jornalismo e Relações Públicas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a partir do texto literário do escritor do século XIX. Ao evocar a narrativa machadiana e relê-la no contexto das plataformas online, a adaptação transmídia Papo de Carol convida-nos a compreender a tradição do clássico nacional em meio à ubiquidade e multiplicidade de mídias e gêneros, estabelecendo uma conexão entre a trama narrativa que encontramos em D. Casmurro e os meios de comunicação contemporâneos. Aliado ao ambiente da cultura participativa, para Jenkins (2008), o público consumidor de mídias são os agentes criativos principais na constituição do universo ficcional transmídia. No contexto de convergência, o estudioso das mídias aponta dois fatores que alimentam o processo de transmidiação: o tráfego fluente de conteúdo midiático por diversas plataformas e a facilidade que o público consumidor tem de apropriar-se das redes sociais para envolver, consumir, divulgar e propagar esses conteúdos midiáticos. Nosso encontro com essa apropriação ciberespacial da narrativa D. Casmurro traz desafios para se entender os intertextos com a arte literária na era da convergência. Diante da dimensão coletiva e participativa do público que leva o clássico machadiano a atravessar múltiplas mídias e a dialogar com esse contexto convergente de novos gêneros textuais, não se pode negligenciar o óbvio: as narrativas machadianas estão presentes nas adaptações no meio digital. Em Papo de Carol, verificamos que o clássico machadiano permitiu-se transficcionalizar e transitar pelas várias redes sociais do ciberespaço para compartilhar sua história com uma geração de leitores nativos digitalmente. O imaginário das histórias de Machado de Assis viajou e continua viajando, adaptado e se adaptando às diferentes mídias, gêneros e culturas. Mesmo em tempos de realidade incompatível, cuja multiplicidade de novos meios assume a hegemonia do mercado audiovisual - realidade virtual, videogames, ambientes interativos e colaborativos em rede, hipermídias – o clássico machadiano continua provocando rumores e sendo um convite às releituras.
Palavras-chave: MACHADO DE ASSIS, TRANSMÍDIA, REDES SOCIAIS, CONVERGÊNCIA
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