Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
O LIVRO INFANTIL ILUSTRADO TORNA-SE DIGITAL: BOOK-APPS COMO ARTEFATOS COGNITIVOS
THALES ESTEFANI, JOÃO QUEIROZ
Com o desenvolvimento, na última década, de dispositivos eletrônicos de leitura (e-readers), e seus correspondentes livros digitais (e-books), ocorreram mudanças dramáticas no processo de concepção, produção, comercialização e distribuição do livro. Tais mudanças incluem o uso de tecnologias recém desenvolvidas, a introdução de novos profissionais na cadeia produtiva, novas formas de interação com os leitores, novas modalidades de relação com o ambiente físico circundante, e novas redes de difusão e comercialização do livro. Após a disseminação de dispositivos computacionais portáteis e locativos, como tablets e smartphones, os livros infantis ilustrados acompanharam esse processo e passaram a implementar diversos recursos digitais, como ferramentas multimídia e interatividade em tempo real. Eles tornaram-se o que pode ser chamado atualmente de e-picturebooks (ver Pinto, Zagalo, Coquet; 2012). Diversos domínios como Teoria e Estudos Literários, Estudos de Intermidialidade, Psicologia Cognitiva, Educação, Design Gráfico e Design da Interação, têm abordado o fenômeno de transmediação dos livros para mídias digitais investigando, entre as muitas propriedades: (i) mudanças na estrutura e organização da narrativa; (ii) impacto na capacidade de contar e compreender histórias; (iii) implicações sobre diversas habilidades cognitivas, como memória e inferência analógica; (iv) consequências das publicações digitais em diversas etapas no processo de alfabetização; (v) aplicação de recursos tecnológicos jamais utilizados em storytelling; (vi) investigação de possibilidades de interação multisensoriais. O objetivo deste trabalho é descrever e analisar as consequências que resultam da introdução de dispositivos computacionais portáteis que, inéditos no domínio das narrativas infantis ilustradas, funcionam como novos artefatos cognitivos. Em Ciência Cognitiva, os artefatos cognitivos são descritos como ferramentas que modificam e ampliam as ações e as tarefas cognitivas, criando problemas e novos espaços de soluções concebíveis. Eles modificam as ações no ambiente, amplificam ou intensificam habilidades, podendo alterá-las drasticamente -- os artefatos podem auxiliar a memória, classificação e comparação de categorias, raciocínio analógico, formas de predição e antecipação de eventos. Nosso propósito é analisar um tipo específico de e-picturebook, os book-apps, como artefato cognitivo, e abordar o impacto que ele exerce no domínio das narrativas infantis. Os book-apps (ou story-apps, ou enhanced-books) são aplicativos com experiências de storytelling contendo recursos multimídia variados e ferramentas interativas, sem os quais a experiência narrativa não está completa. Para extrair material para nossas análises, vamos nos concentrar no Bologna Ragazzi Digital Award, premiação da Bologna Children"s Book Fair, a mais importante feira mundial de livros infantojuvenis. Esse prêmio vem sendo oferecido desde 2012 aos melhores book-apps infanto juvenis de cada ano. Nossos exemplos alguns dos vencedores, e menções honrosas, do período 2012-2015 na categoria “Ficção”, totalizando doze títulos, todos disponíveis para dispositivos com sistema operacional iOS, da Apple.
Palavras-chave: LIVRO ILUSTRADO, LIVRO DIGITAL, STORYTELLING, ARTEFATOS COGNITIVOS
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