Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
REPRESENTAÇÃO FEMININA E INTERTEXTUALIDADES EM LIVIA GARCIA-ROZA E ELVIRA VIGNA
HELLYANA ROCHA E SILVA, OLIVIA APARECIDA SILVA
Escrever sobre literatura de autoria feminina tem sido, desde os primórdios, escrever também sobre a condição e o papel que as mulheres exercem na sociedade, pode-se crer, dessa maneira, que a escritura feminina é um elemento de representação e valoração da história das mulheres, pois as insere nos âmbitos a que anteriormente só os homens tinham livre acesso. Sob essa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver reflexões acerca da literatura brasileira contemporânea de autoria feminina a partir da leitura das intertextualidades presentes nos romances Meu marido (2006), de Livia Garcia-Roza, e Nada a Dizer (2010), de Elvira Vigna, analisando de que forma a literatura contemporânea incorpora em seu discurso uma prática desconstrucionista dos padrões impostos à autoria (devido à exclusão de gênero), bem como a revisão das identidades patriarcais no eixo representacional. Para tanto, observar-se-á a desconstrução e a (re) construção da imagem feminina, bem como a temática imagética da mulher, envelhecimento, solidão e afetividade presentes nas tramas de uma sociedade corroída pelas transformações dos valores sociais vigentes na contemporaneidade e no esfacelamento da vida amorosa. Meu marido se propõe contar a ruína de um núcleo familiar por meio da voz de uma narradora que se apresenta como uma mulher conformada com o casamento e em torno da qual se sustenta uma família deteriorada, esmaecida e melancólica; Nada a dizer retoma o conceito de mulher que se divide entre os ideais patriarcais e o silenciamento que lhe é imposto, seja pela condição feminina, casamento ou maternidade, e, também, pela subversão desses ideais tradicionais a partir da busca de um autoconhecimento. À luz das teorias feministas e de gênero, o corpus deste estudo procura apresentar como a mulher escritora deu início ao processo de legitimação de sua voz e escrita a partir da autoria, e como a autora contemporânea faz a releitura desse passado, desconstruído e reconstruído identidades forjadas a partir da opressão, ao passo mesmo passo em que revisa o passado homogêneo e misógino que silenciou escritoras e personagens. Além disso, percebe-se que a recepção dessas obras na contemporaneidade torna-se um dos principais caminhos para a recriação de uma história literária em que as mulheres assegurem a legitimidade de seu espaço e de sua expressão, cabendo à escritora assumir, enquanto enunciadora de sua própria voz e representação, seu lugar de fala, fazendo valer seu discurso sobre sua existência, a fim de criar uma linguagem que procure deixar de lado os valores patriarcais.
Palavras-chave: AUTORIA FEMININA, RECEPÇÃO, INTERTEXTUALIDADE, ESTUDOS DE GÊNERO
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