Este estudo pretende refletir de que forma a leitura de textos de autoria feminina da literatura afro-brasileira possibilitam para adolescentes negras em privação de liberdade, encarceradas, reflexões acerca do contexto de mulheres negras na medida em que se identificam com as histórias e contextos lidos nas obras. A partir da leitura dos livros Diário de Bitita (1986), de Carolina Maria de Jesus e Não vou mais lavar os pratos (2010), de Cristiane Sobral, buscarei refletir como as autoras que traduzem o cotidiano feminino negro no Brasil podem evidenciar para as jovens a vida e a histórias de mulheres negras a partir de outros lugares de fala, em detrimentos dos silenciamentos sentenciados às vozes femininas na literatura e na (re)construção de outras histórias para e sobre si mesmas. O aporte teórico utilizado contará com as contribuições de Crenshaw (2002), Halbwachs (2006), Evaristo (2009), Adichie (2009), Arfuch (2010) e Duarte (2011), a fim de potencializar reflexões de adolescentes em cárcere sobre questões referentes à interseccionalidade de gênero e raça.
Palavras-chave: ADOLESCENTES NEGRAS ENCARCERADAS, MEMÓRIA, AUTORIA FEMININA, LITERATURA AFRO-BRASILEIRA