Em meio aos grandes acontecimentos do século XIX, George Sand, em 1832, publica seu primeiro romance, Indiana, no qual a autora investe sua crítica à sociedade patriarcal, com maior enfoque na maneira com que a mulher era tratada no matrimônio. A presença maciça da História e da política como elementos constitutivos do romance, oferece-nos a dimensão temporal e o contexto a que a autora prima referir-se, afim de afirmar aquilo que se passava e como o extrato social acaba por sujeitar os indivíduos àquilo que lhe era de interesse, a exemplo das mulheres. Visto que a autora ocupa-se em discutir questões de ordem social, pode-se afirmar que o contexto político e histórico, na obra referidos, tende a incidir diretamente sobre o comportamento e caráter de cada personagem, ao passo que torna-se também, um dos objetos de crítica dentro da obra. Antônio Candido (2006) afirma que a dimensão histórica e a construção artística convivem como um conjunto dentro das obras literárias. Em se tratando do universo de Indiana, percebemos a expressão de uma época, do século XIX e da classe burguesa. Narrada com bastante realismo, o trabalho da autora, permite alinhar os fatores estéticos e sociais na obra. Para Chartier (1990), todo documento, seja ele literário ou de qualquer outro tipo, é representação do real que se apreende e não se pode separar de sua realidade de texto construído segundo regras próprias de produção, provenientes de cada gênero de escrita. Contemplamos, dessa forma, um romance no qual seu enredo é desenvolvido dentro de um período histórico, um romance que perpassa o real e o imaginário, que excede o limite através da maneira com que retrata uma gama de perfis políticos distintos entre si, os quais representam várias figuras sociais e até aquela que seria em suma, a idealização da mulher em ascensão à emancipação; além da maciça e relevante crítica social que se estende à política da época, até a mais clara situação da mulher na sociedade de 1830. Ao pensar no lugar das mulheres nas sociedades francesa ilustrado nas obra, temos o feminino como o segundo sexo (BEAUVOIR, 1949), de modo que para esse contexto, o homem é a norma e a mulher é o desvio. Trata-se de um espelho das autora e das demais mulheres, cerceadas pelos princípios religiosos e pelo moralismo das convenções sociais, os quais funcionam como aparelhos ideológicos repressores da individualidade e agem como fomentadores da massificação. Dessa forma, compreendendo-se a obra como “romance dentro da história, romance de 1830, Indiana é muito mais que um romance de tese que denuncia a opressão das mulheres dentro do casamento” (BORDAS, 2004, p.147), discutiremos acerca dos traços relevantes da vida social da época, através de acontecimentos históricos e perfis de personagens, bem como a situação da mulher dentro do matrimônio no século XIX delineada no romance, assim como a repercussão da publicação da obra.
Palavras-chave: HISTÓRIA, POLÍTICA, CRÍTICA FEMINISTA, LITERATURA FRANCESA