Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
A SOLIDARIEDADE FEMININA NOS CONTOS CABO-VERDIANOS: “LIBERDADE ADIADA” DE DINA SALÚSTIO E “A TROCA” DE ONDINA FERREIRA
LISIANE OLIVEIRA E LIMA LUIZ, PEDRO MANOEL MONTEIRO
O presente artigo se propõe a analisar dois contos de autoras africanas cabo- verdianas em que são abordados o desejo da mulher em emigrar em busca de uma vida melhor. Especificamente, analisamos os contos “Liberdade Adiada” de Dina Salústio e “A troca” de Ondina Ferreira. Os contos retratam situações de personagens femininas que saíram de Cabo Verde e outras que ficaram imaginando que destino poderiam ter. O conto “Liberdade adiada” da escritora cabo-verdiana Dina Salústio faz parte do livro de contos “ Mornas eram as noites” publicado em 2002. Neste conto nos é descrito o cotidiano de uma mulher cabo-verdiana nos afazeres domésticos e o seu desejo de morte diante de uma vida tão miserável que levava com os filhos. O conto “A troca” de Ondina Ferreira faz parte da obra “Contos com Lavas” publicado em 2010. Trata-se de uma narrativa que perpassa o período colonial, independência e período pós-colonial. Nesse conto temos duas mulheres desconhecidas que passam a se relacionar em virtude do destino que as unia: saída de Cabo Verde em busca de sobrevivência. A viagem foi por meio de um navio; o destino era trabalhar como contratadas nas roças de São Tomé e Angola. Os contos abordam também o sentimento de solidariedade entre as personagens ainda que em situações diferentes. O fato de Cabo Verde dispor de recursos naturais escassos e secas periódicas, a sua população, na maioria masculina, recorria à emigração como forma de sobrevivência e esperança de uma vida melhor. No período colonial há um fluxo migratório de homens e mulheres cabo-verdianos para as ilhas de São Tomé e Príncipe com o objetivo de trabalhar em roças como contratados visto que Cabo Verde não lhes dava condições de subsistência. A emigração para as ilhas de São Tomé e Príncipe estava longe de ser um destino almejado, no entanto era uma saída para escapar da fome os que se encontravam em situações menos favorecidas. Essa emigração era apoiada pelas legislações, pois o governo via como uma forma de resolver o problema de desemprego e fome nos anos das grandes secas de 1864/1866 fornecendo mão-de-obra barata para o trabalho agrícola em São Tomé e Príncipe. Em dezembro de 1863, uma portaria régia determinou a facilitação da emigração por parte do Governo-Geral. Perceberemos nos contos que história real e ficção entrelaçam-se e confundem-se, pois o tema emigração tanto na vida real quanto no imaginário, atravessa literalmente, a vida dos cabo-verdianos e é um tema recorrente nas artes (HOFFMAN, 2007). Nessa análise comparativa procura-se estabelecer alguns pontos de semelhança e dessemelhanças entre as personagens femininas do conto.
Palavras-chave: CONTO, CABO VERDE, MULHER, EMIGRAR
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