Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
A IDENTIDADE LATINO-AMERICANA NA CULTURA DE MASSAS: A TELENOVELA MEXICANA
THAIS MARIA HOLANDA JERKE SEVILLA PALOMARES, LIVIA REIS
Muitos trabalhos têm sido desenvolvidos para esclarecer questões relacionadas à identidade latino-americana e cada um deles certamente contribui para que tracemos um panorama mais vasto em meio a tanta diversidade cultural. Nesta comunicação, buscamos somar algumas informações e reflexões a essa grande discussão. Enfocaremos a representação da identidade latino-americana nas telenovelas mexicanas, fundadas no melodrama, com origens apontadas na literatura de folhetim e no teatro popular. As telenovelas, no mundo contemporâneo, são um forte produto de exportação e muito consumidas ao redor do mundo. Com a exportação, surge também outro fenômeno: em alguns lugares, parte do público passa a “conhecer” a América Latina através das telenovelas exibidas em seus países. Assim, a imagem que é transmitida por essas telenovelas tem grande influência no imaginário sobre a latino-américa de diversas pessoas do mundo inteiro. Para trabalhar com essas são produções culturais relativamente recentes, produtos da indústria cultural transmitidos através de meios de comunicação de massas, utilizaremos ideias de autores como Canclini (2006), Barbero (1995) e Mato (1999). Canclini (2006) observa que “o rádio ‘nacionalizou o idioma’: a televisão unifica as entonações, dá repertórios de imagens em que o nacional sintoniza com o internacional” (p. 262). Assim, o papel da televisão é definitivamente importante para a construção da imagem do país e de símbolos que são conhecidos como nacionais no México e tipicamente mexicanos no exterior. Para Mato (1999), as telenovelas podem, além de estimular a integração do país, criando um sentimento nacional, fazê-lo em relação a toda a América Latina, construindo de alguma forma um sentimento de “latinoamericanidade”. Essa seria a função social das telenovelas. Segundo Jesús Martín-Barbero (1995), “a telenovela constitui um novo momento do processo de integração sentimental latinoamericana, o qual já haviam impulsionado o rádio e o cinema, o tango, a música ranchera e o bolero.” (p. 283) Assim, segundo os autores, as telenovelas estariam reafirmando e construindo sentidos e valores latino-americanos. Com essa pretensa integração através da telenovela, surge também a homogeneização de características, criando uma “identidade estándar” baseada em estereótipos. Um dos estereótipos fortemente presentes nas telenovelas mexicanas enfoca as mulheres, que normalmente são apresentadas de duas maneiras totalmente opostas: as mulheres más são sempre perversas, enquanto as boas são permanentemente submissas ao sofrimento. Esses estereótipos e os mecanismos criados por alguns melodramas para subvertê-los de alguma forma, como é o caso da telenovela Rubí (2004), serão mencionados. O fato de as personagens da telenovela muitas vezes representarem um estereótipo é uma característica do melodrama, como nos indicam Oroz (1992) e Barbero (1991). O melodrama perpassa diversos gêneros, tanto discursivos quanto artísticos, desde os primórdios da indústria cultural. Podemos encontrá-lo no teatro popular, na literatura de folhetim e, mais tarde, no cinema latino-americano, na radionovela e na telenovela, evidenciando seu vínculo com a América Latina. Portanto, acreditamos ser relevante analisar as narrativas de telenovelas sob um ponto de vista integrado aos estudos literários e inserir na reflexão sobre identidades latino-americanas a contribuição desse produto da cultura de massas, fortemente presente no imaginário popular.
Palavras-chave: TELENOVELA MEXICANA, IDENTIDADE LATINO-AMERICANA, CULTURA DE MASSAS, ESTEREÓTIPOS FEMININOS
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