Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
VANGUARDA E REVOLUÇÃO: APROXIMAÇÕES ENTRE WALTER BENJAMIN E OSWALD DE ANDRADE
LUCAS TOLEDO DE ANDRADE
Quando se pensa em revolução no âmbito da literatura e das artes de forma geral é inevitável não se lembrar dos movimentos de vanguarda do século XX e de todo o bojo revolucionário em torno deles e de seus criadores. As vanguardas vêm opor-se às convenções burguesas, à moral religiosa, à racionalidade, à desumanidade capitalista e fazer uma crítica à modernidade e ao modo como ela apagou os momentos “encantados” da vida humana, segundo o que fala Löwy (2002) apoiado em Weber (1920). É certo, ainda, que esses movimentos de ruptura com os modos de ser vigentes beberam na tradição artística construída ao longo dos tempos para assim lançarem seus princípios de inovação e transgressão. De acordo com Octavio Paz (1994), o culto ao novo ou a imitação dos antigos é algo que ocorre com certa regularidade na arte do Ocidente, o que coloca as vanguardas dentro de uma tradição artística anterior a elas, destruindo ideias que as mostram como movimentos que, de certa maneira, fazem uma tábula rasa da história das artes. Ao se pensar em todas as questões em torno das vanguardas históricas e suas repercussões, dois nomes podem ser levados em conta, Oswald de Andrade e Walter Benjamin, ambos intelectuais contemporâneos, porém de contextos diferentes, que contribuíram para se tratar do ideário vanguardista e revolucionário do início do século XX. Sabe-se que Oswald e Benjamin possuem uma obra vasta e rica, por isso, interessa-se aqui, especialmente, pelas discussões deles em torno do Surrealismo e da Antropofagia, movimentos que dialogam com fundamentos anteriores a si próprios e se marcam pela proposta da revolução de seus contextos de criação. Surrealismo e Antropofagia têm muitos pontos em comum, o que leva Nunes (2012) a dizer que entre as duas vanguardas “há uma conversão mútua ou uma devoração recíproca”, na medida em que buscavam o reencantamento do mundo, vendo no desvio ao passado e no choque causado pelo contato com o primitivo uma forma de transformar a realidade. Oswald de Andrade e Walter Benjamin ligam-se diretamente a esses movimentos vanguardistas: o primeiro é criador da Antropofagia e percebia a necessidade da “vacina antropofágica” para a revolução artística e social em um país fortemente marcado pela experiência traumática da colonização; o segundo notava o movimento surrealista como o único capaz de despertar as consciências para a revolução, o que causaria uma rebelião contra o poder vigente e a possibilidade de se lançar um olhar outro para a história europeia, composta pela ruína de uma guerra e constituída por elementos que poderiam levar a outra. Nesse sentido, essa comunicação pretende traçar relações entre Walter Benjamin e Oswald de Andrade, com o intento de perceber o modo como os ideais em torno da literatura e da revolução estão presentes em boa parte de suas obras, vendo-os ainda como donos de uma percepção revolucionária de seus tempos e como possuidores de estudos bastante atuais em nosso presente, o que possibilita leituras diversas.
Palavras-chave: WALTER BENJAMIN, OSWALD DE ANDRADE, VANGUARDA, REVOLUÇÃO
voltar