EDSON FLÁVIO SANTOS, BENJAMIM ABDALA JUNIOR, VERA MAQUÊA
O resultado parcial de nossa pesquisa procura estabelecer um reconhecimento de obras literárias que dialogam com questões sociais. Desta feita temos como ponto de partida a obra dos poetas e intelectuais Pedro Casaldáliga (Mato Grosso/Brasil) e Agostinho Neto (Angola). As análises feitas pelo viés comparatista, aqui expostas, partem da leitura de poemas de dois escritores que trazem no seu horizonte de expectativa o desejo de luta. Uma reflexão que veio à luz durante nossos estudos de doutorado, que ainda encontram-se em fase inicial. Os textos a serem trabalhados são oriundos das seguintes antologias: Antologia Retirante, Cantigas Menores e Versos Adversos de Pedro Casaldáliga e Renúncia Impossível e Sagrada Esperança de Agostinho Neto. Casaldáliga, é espanhol, veio para o Brasil em 1968 imbuído de fundar a Missão Claretiana em Mato Grosso. Hoje é Bispo Emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia e, desde sua ordenação episcopal, sempre colocou-se em oposição declarada aos grandes proprietários de terra, saindo em defesa das minorias, principalmente os negros, índios e posseiros. É um dos fortes representantes da Teologia da Libertação, corrente de atuação da Igreja Católica que defende a opção preferencial pelos pobres e a evangelização inculturada. Agostinho Neto, angolano, filho de pais professores e missionários religiosos. Decidido a formar-se em Medicina, embarcou para Portugal em 1947 e se matriculou na Faculdade de Medicina de Coimbra, principal membro do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) tornou-se o primeiro presidente de Angola, função que exerceu de 1975 até sua morte em 1979. Ainda estudante, foi participante ativo do Movimento dos Jovens Intelectuais de Angola e da Casa dos Estudantes do Império, onda fundou, clandestinamente, com outros “camaradas” o Centro de Estudos Africanos. Foi preso por diversas vezes. Uma de suas prisões foi motivo de uma petição internacional pela sua libertação, principalmente nos meios intelectuais. Foi chancelada por personalidades importantes como Aragon, Simone de Beauvoir, François Mariac, Jean-Paul Sartre e Nicolás Guillén. Nossas discussões buscam amparo em Benjamin Abdala, no livro Literatura, história e política: literaturas de língua portuguesa no século XX (2007), Jean-Paul Sartre no célebre Que é literatura? (1993), Benoît Denis em Literatura e engajamento: de Pascal a Sartre (2002), Ernst Bloch nas reflexões de Princípio Esperança (2005) e Erich Fromm na obra Conceito marxista do homem (1967). Os resultados que aqui trouxemos dão conta de nos apontar que é preciso compreender a obra de Pedro Casaldáliga e Agostinho Neto como um processo de engajamento que intenciona aos seus leitores a compreenderem e transformar a realidade. Desempenhando assim não somente seu papel de cidadão, em todo o painel de luta contra a injustiça, mas o de poetas que têm na poesia, um compromisso político e social.
Palavras-chave: PEDRO CASALDÁLIGA, AGOSTINHO NETO, CRÍTICA LITERÁRIA, RELAÇÕES BRASIL - ANGOLA