Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
RECEPÇÃO E VISIBILIDADE DO VOLUME “LA POÉSIE DU BRÉSIL – ANTHOLOGIE DU XVIE AU XXE SIÈCLE” NO SISTEMA CULTURA FRANCÊS
ROSALIA RITA EVALDT PIROLLI
A literatura brasileira traduzida tem, pouco a pouco, conquistado espaços dentro do rígido sistema cultural francês. Esse aumento da visibilidade pode ser atribuído, em graus distintos, a uma série de iniciativas: uma maior exposição midiática do Brasil na imprensa internacional; a presença constante de autores e de editoras em grandes eventos literários, principalmente aqueles que tiveram nosso país como homenageado, tais como a Feira do Livro de Frankfurt (2013) e o Salão do Livro em Paris (2015); diversos empreendimentos institucionais de naturezas variadas, como a organização e a publicação do catálogo França-Brasil (2005), que se tornou uma importante referência em relação aos produtos culturais brasileiros disponíveis na França e a ampliação do Programa de Apoio à Tradução e à Publicação de Autores Brasileiros no Exterior. Além disso, é preciso salientar que houve também um crescimento significativo de investimentos em traduções de literatura brasileira. Segundo um artigo do jornalista e editor Bolivar Torres (2015), foram publicados, em 2014, 42 títulos de literatura brasileira no mercado editorial francês, contra metade desse número no ano anterior. Várias editoras francesas como a Métailié, a Gallimard, a Chandeigne, a Albin Michel, a Seuil, a Asphalte e a Anacaona acolhem, em seus catálogos, coleções dedicadas à literatura estrangeira no geral ou à literatura lusófona que contem um número relativamente promissor de títulos brasileiros. Porém, quando olhamos esse conjunto de títulos com mais cuidado, podemos perceber o predomínio da prosa de ficção. Nesse cenário, parece-nos que a poesia brasileira traduzida ocupa uma posição ainda mais secundária, muito menos visível dentro do sistema cultural francês. É, portanto, notável a empreitada do poeta e tradutor Max de Carvalho Wyzuj, em colaboração com Magali de Carvalho e Françoise Beaucamp, publicada em 2012 sob a forma de um volume bilíngue de mais de 1500 páginas, sob o título de La Poésie Du Brésil – Anthologie bilíngue du XVIe au XXe siècle. Dessa antologia, de vocação panorâmica, participam mais de 130 poetas, compreendendo uma produção que recobre “dos mitos ameríndios e produções jesuítas do século XVI até textos de poetas nascidos antes de 1940” (CARVALHO, 2012). Tomando essa antologia como ponto de partida, procuraremos compreender como se deu a recepção dessa obra no sistema cultural francês. Um parâmetro valioso para compreender tal percurso, como aponta Rissardo (2015), é voltar os olhos para a mídia, analisando a recepção desse título na imprensa estrangeira – jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão. Finalmente, interessa-nos também verificar se há, relativamente à poesia brasileira – sobretudo dessa apresentada pela antologia – uma percepção exotizante de nosso universo linguístico e literário, já constatada, em espaços e graus distintos, por Carelli (1994), Shohat e Stam (2006), Torres (2011) e Rissardo (2015) em relação à prosa de ficção brasileira.
Palavras-chave: POESIA BRASILEIRA, RECEPÇÃO, TRADUÇÃO, FRANÇA
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