FRANCIELLE PIUCO BIGLIA, RICARDO SOUZA DE CARVALHO
O poeta, dramaturgo e tradutor andaluz Francisco Villaespesa (1877-1936) é conhecido –sem certo esquecimento pela crítica espanhola atual– por ser um dos grandes defensores do Modernismo espanhol através da obra La Copa del rey de Thule (1900) que anunciava a primeira mostra da nova escola poética na lírica espanhola. Foi ele quem desempenhou o papel de articulador entre os poetas do Velho e do Novo Mundo, além de servir como bússola no intuito de guiar a Espanha na busca por novas estéticas literárias. Desta maneira, incita a curiosidade entre os literatos e frequentadores de tertúlias de Madri ao introduzir a este grupo versos de novos autores de difícil circulação. Durante sua permanência no Brasil, no período entre 1928 a 1931, Villaespesa entra em contato com vários expoentes da vida literária brasileira, entre eles o Ministro das Relações Exteriores Otávio Mangabeira, quem lhe confia um copioso número de traduções que formariam parte da “Biblioteca Brasileña”, permitindo, dessa maneira, a circulação e a divulgação dos nossos poetas e escritores célebres em solo espanhol. O projeto, ainda que audacioso, faz parte de um caso de recepção literária aparentemente sem final feliz. Villaespesa tem que voltar às pressas à sua terra natal devido a uma grave doença e decide enviar as caixas contendo a coleção da “Biblioteca” antes da sua partida. Ao chegar à Espanha, não consegue recuperá-las –são extraviadas ou roubadas– e com elas perde-se a possibilidade da literatura brasileira de conseguir uma acolhida fora do território nacional. À luz do exposto, nosso trabalho tem como objetivo recuperar a figura de Francisco Villaespesa dentro da poética Modernista espanhola e formular algumas hipóteses do que significou o estranho caso da “Biblioteca” na história de recepção das letras brasileiras na Espanha.
Palavras-chave: FRANCISCO VILLAESPESA, MODERNISMO ESPANHOL, POESIA BRASILEIRA, RECEPÇÃO LITERÁRIA