O presente trabalho aborda a presença da Mise en abyme na literatura eletrônica. Enfoca-se, especialmente, como a linguagem HTML pode facilitar e propiciar a criação de ficções que se duplicam ao infinito. Parte-se do pressuposto que a autotextualidade, enquanto fenômeno que pressupõem a conexão de um texto com outros, ganha novos contornos a partir da possibilidade de se construir uma narrativa hipertextual, uma vez que o hiperlink permite que se vinculem textos de materialidades diversas, promovendo uma rede em forma de rizoma, a-linear, multimídia e interativa. Para tratar desse assunto, articulam-se referenciais que abrangem as teorias sobre o hipertexto, a literatura em meio digital e a intertextualidade autárquica. Além de uma abordagem teórica, o trabalho contempla também uma parte prática, mediante a análise da obra Frequently asked questions about “Hypertext”, de Richard Holeton. Em síntese, essa narrativa é construída a partir de nove perguntas frequentes (FAQs), disposta em hiperlinks, que tentam explicar os mistérios que envolvem a criação e as críticas recebidas por Hypertext, um poema-anagrama, constituído de todas as palavras que podem ser formadas a partir das letras do vocábulo hypertext.
Palavras-chave: MISE EN ABYME, HIPERTEXTO, LITERATURA ELETRÔNICA