Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
DOS RODAPÉS AOS LIVROS: LITERATURA NO JORNAL DO COMMERCIO (PERIÓDICO E TIPOGRAFIA)
ODAIR DUTRA SANTANA JÚNIOR, LÚCIA GRANJA
O importante papel que as tipografias tiveram para o desenvolvimento do mercado editorial nacional durante o século XIX foi destacado por Alessandra El Far em O livro e a leitura no Brasil (2006). Muitos escritores que hoje compõem nosso cânone literário tiveram seus primeiros trabalhos impressos pelos prelos desses empreendimentos – e não pelo selo editorial de uma grande livraria. Entre iniciativas particulares e sociedades, destacam-se as tipografias cuja principal atividade era a publicação de periódicos, mas que, em suas horas ociosas, realizavam a impressão de outros materiais, incluindo obras literárias. Sãos os casos das tipografias do Jornal do Commercio, que publicou o poema narrativo A Nebulosa de Joaquim Manuel de Macedo em 1857, do Diário do Rio de Janeiro, que em 1863 publicou Teatro de Machado de Assis, e da Gazeta de Notícias, responsável pela publicação de O Ateneu de Raul Pompéia em 1888. Nessa comunicação, a partir das obras literárias que saíram à luz pela oficina do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro e foram anunciadas nas páginas do periódico entre 1827 e 1865, apresentaremos algumas considerações acerca da produção literária realizada por sua tipografia no período. Percebemos ao analisar essa produção uma concentração de obras literárias, notadamente romances, sendo impressas e comercializadas pela tipografia do jornal entre os anos de 1839 e 1848, período que, não coincidentemente, marca o desenvolvimento da rubrica “Folhetim” nos jornais brasileiros. No Jornal do Commercio, a novidade importada dos jornais franceses fez sua estreia em 1839, tendo o periódico sido pioneiro na publicação de romances-folhetins ao rodapé dos jornais brasileiros, sendo, em seguida, copiado por seus concorrentes. Também foi importada da França uma trajetória editorial que levava os romances publicados em fatias pelo jornal a serem reimpressos em volumes. Assim, observamos que grande parte das obras literárias impressas e comercializadas pela tipografia do jornal se tratava de reimpressões dos romances-folhetins posteriormente à sua publicação nos rodapés do periódico. Além disso, também sobressaem algumas obras que, embora não haviam sido publicadas anteriormente pelo jornal, eram de autoria de nomes conhecidos do público leitor do folhetim. Apresentaremos esses títulos, as características dessas obras, suas trajetórias nas páginas do jornal em folhetim e/ou anúncios para, dessa relação entre divulgação ao rodapé da página e reimpressão em volume, demonstrar como a atividade editorial realizada pelas oficinas dos jornais do XIX colaborou para a criação e manutenção de um comportamento literário e leitor em voga no período.
Palavras-chave: LITERATURA E JORNALISMO, TIPOGRAFIA, ROMANCE-FOLHETIM, JORNAL DO COMMERCIO
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