“Razão cínica em Coração das trevas” objetiva a comparação da literatura de Coração das trevas (1899) do autor inglês Joseph Conrad (1857-1924) juntamente com o conceito de cinismo antigo e moderno. Peter Sloterdijk (1947) propõe a retomada do cinismo antigo e a renuncia do cinismo moderno, pois a dinâmica desse último é ambivalente e na obra de Conrad, enevoa ou torna tênue a linha entre a liberdade e a domesticação. Para todos os efeitos, Investigaremos a partir de uma base filosófica, a noção do conceito de cinismo retomada e reformulada por Peter Sloterdijk. Noção essa conexa ao conceito de cinismo grego que, por sua vez, se inscreve em uma longa tradição do pensamento ocidental que, ao contrário, é tão cara as reflexões contemporâneas na arte. Em nossas bases conceituais veremos que o cinismo grego aparece nos primórdios do que podemos chamar de civilização ocidental e se conformou como uma grande linhagem filosófica que ganhou contornos significativos na modernidade. Nos termos contemporâneos a ideia de cinismo aparece sob as mais diversas formas, desde as instancias privadas às públicas. Assim, a partir de uma comparação entre o cinismo grego e o cinismo moderno representaremos o último propriamente à luz da literatura Coração das trevas de Joseph Conrad.