O presente artigo pretende dissertar sobre o silêncio e o incomunicável na poesia, seguindo como linha de raciocínio as declarações feitas por Georges Bataille em seu livro A experiência interior em comparação com A linguagem e a morte de Giorgio Agamben. Neste livro, Bataille trata a poesia como contrário da experiência possível, desta forma, aproximando-a da experiência definida como do êxtase. Esta afirmação, feita por Bataille, foi pensada na relação de incompreensão da experiência interior pelo raciocínio lógico da filosofia da ciência, a qual se apropriava de procedimentos de fora para tratar algo que somente poderia ser explicado de dentro (BATAILLE, 1992). Agamben, por sua vez, trata também sobre a linguagem como pertencente ao campo de negativo, para Bataille contrassenso, em que a linguagem possui, além do seu caráter dicionarizado, também aquele que se põe em questão o que não é dito. Desta forma, é proposta a analise dos dois livros e as concepções sobre o silêncio e a incomunicabilidade que envolvem a linguagem poética. Cabe ressaltar aqui que tratamos a experiência interior e o negativo da linguagem de formas diferentes. A experiência interior é mais do que a própria linguagem, é um estado de conhecimento. Este estado existe, está em angústia por não ser comunicável, mas não é o objeto deste estudo. O que será estudado é a impossibilidade da linguagem de comunicar esta experiência. Como descreve Agamben, a linguagem possui um negativo, no qual o que é incomunicável se revela em ausência. E esta é a diferença entre o pensamento dos dois autores. Em propósito de explicar que a experiência interior não poderia ser compreendida, pois só há compreensão através do discurso, Bataille toca em uma questão da linguagem. A experiência não pode ser compreendida, pois ela é soberana e limita-la à linguagem seria impor uma ordem a qual ela não obedece. Por isso, talvez, o extremo do possível é nos inalcançável. Neste sentido, o discurso agambeniano completaria: esta parte que a linguagem não consegue comunicar é dita em ausência, se fosse possível imaginar que a compreensão de um objeto pela linguagem pudesse ser dividida em partes. O presente artigo pretende estudar a relação entre duas obras sob o recorte do silêncio. Neste artigo, investiga-se o silêncio como categoria indispensável à poesia, e busca-se, através da relação entre A experiência interior de Georges Bataille e A linguagem e a morte de Giorgio Agamben, delimitar o raciocínio que leva os autores a pensar sobre poesia e aquilo que faz dela incomunicável. Pela apreciação de termos como êxtase, angústia, negatividade, contrassenso e experiência, realiza-se a análise das duas obras, refletindo sobre linguagem e literatura.