Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
ARTE DE EDUCAR E CONEXÃO RAZÃO-SENTIMENTO E PENSAMENTO-ARTE NA OBRA DE ROUSSEAU: UMA FORMAÇÃO ESTÉTICA DA INFÂNCIA
LIA PRESGRAVE REIS, MARLENE DE SOUZA DOZOL
Seja formal ou informal, a educação é uma arte a qual possibilita a sociabilidade e o florescimento das potencialidades e da humanidade dos indivíduos. Assim, não se pode prescindir de uma formação que significa o percurso de aperfeiçoamento de cada pessoa. Isto porque o instinto exclusivamente não bastaria para orientar a liberdade da qual emana uma potência criadora de construção por um lado e destruição por outro, mas ambas constitutivas da condição humana cujo aspecto de grandeza e degradação é marcado pela plasticidade e inventividade que o humano encerra. Esta pesquisa investiga a diluição das fronteiras entre sentimento e razão na obra de Jean-Jacques Rousseau. Baseado na relação que tais faculdades estabelecem entre si, pretende-se mostrar que a suavização desses limites está relacionada à conexão entre Filosofia e Artes na obra do filósofo, mais detidamente a literatura – na esteira de Bento Prado Jr. (2008) –, o que aponta para um esmaecimento das fronteiras entre os gêneros (o literário e o filosófico neste caso) na obra do filósofo genebrino. Diante disso, propõe-se pensar o viés estético do sentimento em sua obra e, a partir desta premissa, conceber a apreciação do sentimento estético como ponto de formação da consciência, esta última amálgama de razão sentimento segundo Rousseau. A relação de tais objetivos com a Pedagogia emerge do fato de o conceito de educação ser igualmente um conceito de formação estética. A investigação tenta entrever relações entre os pares razão-sentimento e o prolongamento Filosofia-Arte que possam contribuir para conferir a dimensão estética da obra de Rousseau e de sua concepção de infância. Para tal, toma-se de empréstimo a expressão “poética da superfície” cunhada por Marlene Dozol (2015) para indicar uma atitude e um olhar de leveza lançado sobre as coisas, aliado a uma vivência do instante e do tangível, uma imediatez das sensações. A "experiência do instante” e a do “presente como duração de si mesmo” são peculiares à errância do devaneio e ao leve pousar da presença da criança nas relações que trava com seu entorno. A poética da superfície elege o instante (o presente máximo) para pensar tanto a retórica do Rousseau romântico de "Os devaneios do caminhante solitário" e de "Júlia ou a Nova Heloísa" quanto a dimensão estética da formação infantil. Para desvelar a dimensão estética presente no desenvolvimento da consciência, na formação humana e na errância e nos devaneios da infância e da obra de Rousseau é necessário, além de filósofo, pensá-lo como retórico. Por essa razão, a argumentação também é conduzida na direção dos estudos literários, os quais podem auxiliar sobretudo na compreensão dos textos mais artísticos do autor, bem como na escrita de si presente nos textos autobiográficos das "Confissões".
Palavras-chave: INFÂNCIA, FORMAÇÃO ESTÉTICA, SENTIMENTO, CONSCIÊNCIA
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