SILVIO TONY SANTOS DE OLIVEIRA, HERMANO DE FRANÇA RODRIGUES
A literatura erótica/pornográfica carrega, em seus flancos, estigmas que, há muito, deturpam sua natureza, assim como seus efeitos estéticos, na medida em que a reduzem a algo abjeto, esdrúxulo e sujo. Todavia, numa leitura menos reducionista, os textos eróticos/pornográficos reverberam as fantasias mais recônditas do ser humano, pondo em evidência o potencial criativo e, ao mesmo tempo, mortífero da sexualidade. Os tabus que a cercam, longe de arrancar-lhe o viço, tornam-na mais sedutora, o que, por outro aspecto, deixa às escâncaras as contradições morais da nossa sociedade ocidental. Esse conflito revela-se mais premente quando o texto, de veios licenciosos, abre espaço para o protagonismo do discurso feminino. Nossa pesquisa, numa tentativa de diálogo entre a psicanálise e a literatura de testemunho, visa examinar na obra Cem homens em um ano, as nuances da sexualidade feminina as quais, na obra em questão, apresenta-se em seus laços, dores e sofrimentos. Tencionamos discutir, através do teatro sexual encenado pela mulher, os meios de repressão às pulsões libidinais impostas pela Cultura, sobretudo patriarcal. Como arcabouço teórico, recorremos às contribuições de Sigmund Freud e Jacques Lacan, entre outros importantes expoentes da psicanálise contemporânea.
Palavras-chave: Sexualidade. Feminino. Psicanálise. Literatura