Esta comunicação tem como proposta investigar o conceito de tradução e sua relação com a ideia de encenação, para além da ideia de transposição (ou transcriação) de obras literárias em línguas diferentes do original. O objetivo é articular o conceito de "atos da fala" Austen, à escrita como "jogo de linguagem" Wittgenstein , e explorar a "instabilidade de significados" ao analisar a obra de Samuel Beckett, a partir do texto "Bing" (1966). Assim buscar repropor o conceito de tradução em dois outros sentidos/estratégias no trabalho de Beckett: 1. Como autotradutor , um recriador de si mesmo. SB, como autor bilingüe, que escreveu em inglês e francês, sempre traduzindo seus próprios textos de uma língua para a outra? 2. Como diretor e encenador de seus textos dramáticos, teatro, televisão e rádio investigar a tradução no aspecto transmidiático. Será fundamental expor e problematizar o conceito bejaminiano de "traduzibilidade", e buscar novos "rendimentos". Beckett em" T rois Dialogues" se refere "a insuperável indigência da arte", e indica neste ponto como em outros que devemos citar a tensão do indizível. T al percepção da linguagem contrasta com a obstinada tarefa do autor em "expressar", com estratégias extremas "reduzindo", "escavando", "esburacando" a linguagem. Como escrever sem traduzir? Beckett através de jogos de negação e aproximação como alguém que ao usar um óculos inadequado, o afasta e aproxima da vista buscado identificar formas, figuras e por consequência conhecer , decifrar significados , explora as possibilidades do inacabado, mal percebido. O aporético é um fim em si, assemelhandose a dinâmica do mundo, e o inacabado como sentença e reconhecimento do erro e do desgaste das coisas e das palavras. Assim, o exame de "Bing", originalmente escrito em francês, e 1967 traduzido para o inglês como "Ping", funcionará do ponto de referência nessa tarefa espinhosa junto as possibilidades e tensões do conceito de tradução. "Bing" é um textolista, um textosérie, um textoinstalação, através do qual pensaremos como seus aspectos sonoros e plásticos reverberam no texto beckettiano. Para tal, apresentaremos uma tradução para o português comentando a no propósito da nossa investigação. Beckett, Samuel. Bing. Editions des Minuit, 1966. Beckett, Samuel. Ping. The Poems, Short Fiction, and Criticism of Samuel Beckett: V olume IV . New Y ork: Grove Press, 2006. Benjamin, Walter . A Tarefa do Tradutor . IN: A tarefa do tradutor , de Walter Benjamin:quatro traduções para o português. Org. Lucia Castello Branco, FALE/UFMG, BH, 2008. Nancy , JeanLuc. The Sense of the world. Minnesota Press, Minneapolis/London, 1997. Kalb, Jonatham. Beckett in Performance. Cambridge University Press, Cambridge, 1989.
Palavras-chave: SAMUEL BECKETT, TRADUÇÃO, ENCENAÇÃO, PING/BING