MILENA KARINE DE SOUZA WANDERLEY, KELCILENE GRÁCIA-RODRIGUES
Estar diante do fenômeno poético é reconhecer a transcendência nas palavras e deixar-se embeber de suas cores. É assim que se entra no mundo poético hilstiano, deixando-se embriagar pelas texturas complexas de suas metáforas, estando à beira da existência enxergando a si mesmo no escuro fundo do poema decantado. Nesse movimento, residem duas forças, uma que teima em abrir-se e outra que insiste em invadir, como numa cópula transcendental em que a poesia quebra as barreiras temporais articulado diálogo com formas composicionais fixas ao passo que se renova através desse movimento. “Cinco Elegias”, primeiro poema de Roteiro do Silêncio (1959), obra que abre a coletânea Poesia 1959/1967 editada pela Livraria Sal em 1967, é um dos metapoemas de Hilst que, ainda em tenra produção, põe o poeta e a poesia diante da questão de ouro: no fim, o que é essencial, o que sobra, o que fica decantado no fundo do poema? Assim, guiados pelas perdas, procuramos analisar, no presente estudo, como Hilda Hilst se vale do tema elegíaco para construir em cinco partes o itinerário da ausência, tema que perpassa toda sua produção poética. Para tal, apoiar-nos-emos nos estudos acerca da elegia desenvolvidos por Rui Carlos Morais Lage (2010), nos apontamentos de Maurice Blanchot (2002) acerca de “La Soledad Esencial” e no ensaio de Octávio Paz “Los signos en rotación” (1986).
Palavras-chave: FORMAS COMPOSICIONAIS CLÁSSICAS, HILDA HILST, BALADAS, ELEGIAS