De acordo com o Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro, de junho de 2014, lançado pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro, até a data mencionada, 4.772 famílias foram removidas na cidade do Rio de Janeiro, totalizando cerca de 16.700 pessoas de 29 comunidades mapeadas. Destas, 3.507 famílias, 12.275 pessoas de 24 comunidades, foram retiradas de suas casas por obras e projetos ligados diretamente aos megaeventos esportivos. Outras 4.916 famílias de 16 comunidades estavam sob a ameaça de remoção. Estas estratégias usadas para garantir o surgimento de um novo Rio inscreveu-o no mapa das cidades gentrificadas, ou seja, aquelas que passam por um processo pelo qual recompõem-se os espaços, substituindo as classes populares eou operárias pelas classes média e média-alta e as habitações em estado de degradação por outras construções mais novas que terão seus valores aumentados e poderão ser vendidas por valores inflacionados. As obras nas áreas centrais das cidades têm um papel fundamental nestas cidades, pois é com elas que as substituições sociais e a remodelação serão efetivadas.(Mendes, 2010), Deve-se atentar, assim, para o fato de que há uma variação em torno de um mesmo modelo: tomam-se referenciais culturais, o poder público e a iniciativa privada se unem, grandes projetos urbanos e arquitetônicos são construídos, pessoas são desapropriadas e as cidades passam a ser qualificadas para gerarem riquezas.(Arantes,2000). Em 29 de novembro de 2014, o jornal O Globo publicou a matéria Descaracterização do Rio é tema de novos romances. Escritores como Marcelo Backes, falaram que suas narrativas tratam do Rio de Janeiro a partir dos efeitos da gentrificação nesta cidade. Considerando isso e os estudos sobre imaginários urbanos e representação das cidades na Literatura e os Estudos Culturais, o presente trabalho pretende indagar como o Rio de Janeiro, na perspectiva da gentrificação, fenômeno discutido vastamente por áreas como geografia, antropologia, sociologia, urbanismo e arquitetura – é representado no romance A casa cai, de Marcelo Backes. Dito de outro modo, objetiva-se investigar nesta narrativa o modo pelo qual este texto, que trata da especulação imobiliária suas causas e seus efeitos, constroi imagens da gentrificação e das relações entre os sujeitos e a cidade. ARANTES, Otília; VAINER,Carlos; MARICATO, Ermínia, “A Cidade do Pensamento Único”, Petrópolis, 2000. MENDES, L. O contributo de Neil Smith para uma geogra?a crítica da gentri?cação. E-metropolis, n. 1, ano 1, maio de 2010. Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro.Junho de 2014, Comitê Popular da Copa.
Palavras-chave: GENTRIFICAÇÃO, LITERATURA CONTEMPORÂNEA, DESPLAZAMENTO, IMAGINÁRIOS URBANOS