Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
A QUADRATURA DE HEIDEGGER NA OBRA AVALOVARA.
MARGOT INES VILLAS BOAS CARUCCIO, LENY DA SILVA GOMES
Este trabalho analisa três lugares descritos na obra Avalovara de Osman Lins que, a partir de certas ocorrências e reações de alguns personagens, são transformados e passam a constituírem lugares sagrados. O primeiro lugar é no Recife, quando o personagem Abel ainda jovem, se isola em torno de uma cisterna. Olhando para a água, busca um sentido para sua vida, almeja encontrar o amor, ocorrendo o que podemos interpretar como a iniciação de Abel em busca do conhecimento. O segundo lugar é habitado pela personagem , o terraço do edifício Martinelli em São Paulo onde uma estranha ave realiza voos espiralados no céu, tentando se aproximar de seu corpo em direção ao seu ventre. Finalmente o terceiro lugar está localizado na sala de um apartamento da cidade de São Paulo, em que os dois personagens, Abel e , se encontram, vivem a experiência do ato sexual e diluem-se como seres opostos na busca da unidade, do paraíso, sob um curioso tapete. Os três lugares mencionados acima são analisados segundo conceitos de habitar, de lugar e de quadratura, formulados pelo filósofo alemão consagrado, Martin Heidegger (1889-1976), em uma conferência denominada Construir, Habitar e Pensar (1954). Segundo ele, o mundo é formado de quatro elementos, cada um refletindo os demais, reunindo-os de forma integradora. Nesse conjunto que ele chamou quadratura, terra, céu, divinos e mortais, a terra é o suporte do construir e o céu é o espaço onde estão as nuvens, o sol, as estrelas em transformação, em movimentos cíclicos. Entre o céu e a terra, existe a arquitetura de forma escultórica, a coisa concreta que reúne os quatro elementos. Nos lugares mencionados acima, se configura a quadratura de Heidegger, a cisterna, no Recife, constitui a coisa concreta que reúne os quatro elementos heideggerianos, a terra, o céu, o divino, que “fala” através da água, indicando um caminho para Abel, o mortal; no terraço do Martinelli em São Paulo, a coisa concreta é a casa do comendador, um zigurate escalonado em que a divindade é o pássaro que sobrevoa o corpo de e na sala do apartamento dos pais de Olavo Hayano, também em São Paulo, a coisa é o tapete sobre o qual Abel e se amam e de onde saltam figuras de diferentes procedências. Detalhadamente abordados, primeiramente, os três lugares são limitados por elementos de arquitetura construtivos concretos, como paredes, tetos e pisos e segundo, os personagens Abel e quando inseridos por meio de ações específicas, participam da transformação destes, em lugares sagrados.
Palavras-chave: AVALOVARA, LUGAR, QUADRATURA, ESPAÇO
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