Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
O JOGO DA MEMORIA: ESTUDO COMPARADO SOB A ÓTICA DO VELHO E NOVO MUNDO EM TRAVESSURAS DA MENINA MÁ E REPÚBLICA DOS SONHOS
MARIA TERESINHA MARTINS DO NASCIMENTO
O jogo da memoria: estudo comparado sob a ótica do velho e novo mundo em Travessuras da menina má e República dos sonhos. O jogo de memória entre os destroços que nos restaram da civilização colonizadora, permite a recuperação dos sonhos dos habitantes da América Latina, do novo mundo em pleno século XXI, acrescido do poder midiático à revolução industrial. Eles se colocaram no redemoinho, face a face à cultura europeia, não em estado de choque, mas demonstrando mediante suas ações inconscientes, os conduzem à reflexão consciente pela via da arte. Literariamente, tem-se a metáfora desta síntese com determinadas personagens, protagonistas na literatura latino americana, tais como Lili de Travessuras da menina má, de Llosa, que se ambienta atordoadamente entre o velho e o novo continente e Madruga protagonista de República dos sonhos, de Nélida Pinon, que consciente de sua sede de realização histórico social e econômica se lança em seu autoexílio neste mesmo novo mundo, mas desta vez ambientado no Brasil para “fazer sua América”, ou seja, sua história individual, familiar ao conceder voz à sua neta Breta para narra-la e, simultaneamente, escrever a moderna história deste povo marcado pelo hibridismo étnico e cultural e ao amigo Venâncio para sonhá-la por ele. Enquanto Lili se lança em seu périplo, nestes espaços que, contraditoriamente, se opõem e mais inexplicavelmente ainda se unem, dando origem a uma raça híbrida, heterogênea, torna-se possível estabelecer comparações nesse âmbito ficcional, mesmo porque ao contrastar e ao comparar, no reino da imaginação, universos tão díspares o que se pretende é ir ao encontro do leitor para que ele se sinta obviamente confortável ou não neste ambiente poético que, todavia, o leva a refletir sobre o estar do homem no mundo, isto é, no espaço limítrofe entre estas duas civilizações antes colonizadoras e colonizadas, que atualmente são vistas como civilizações que se medem, se estudam parecendo querer o estabelecimento de novos paradigmas onde se possa ousar uma sociedade mais justa e solidária. A linguagem literária parece ser capaz de recuperar e de manter artisticamente o processo identitário e histórico das sociedades colonizadas, mas agora em vias de ser plenamente, contrapondo-o a tradicional cultura europeia, que passa a percebê-lo não apenas como um mundo novo, mas a vislumbrá-lo como algo que está além do simplesmente primitivo latino americano. Desse fazer artístico estético altamente consciente de Mário V. Llosa e Nélida Piñon, questiona-se as “ações inconscientes” para se saber e se pensar estes dois mundos: o tradicional e o novo, que se encontram pelo sim pelo não na modernidade, onde as forças nacionais e internacionais gravitam e que aproveitamos para atingir a ordem possível que nos oferece margem para o estudo da literatura comparada.
Palavras-chave: LITERATURA, LATINO-AMERICA, DESAFIO, COMPARATIVISMO
voltar