O romantismo brasileiro foi marcado por significativas transformações políticas e econômicas, sendo transmitido nas obras dos inúmeros autores desse período da nossa literatura. Esses romances retratavam o dia a dia da sociedade urbana, dos novos modos de vida, como as festas nos salões, as moças que frequentavam modistas e cafeterias, as reuniões masculinas em bares. É das faculdades que saem boa parte dos nossos autores românticos. Muitos produziram somente durante o tempo de estudante e outros seguiram a vida de escritor, conciliando com outras carreiras, como é o caso de Bernardo Guimarães (1825-1884), que é mais conhecido pela sua prosa, sendo autor de A Escrava Isaura (1875), além de outros romances. Sua poesia ainda é pouco estudada. A figura do índio foi preciosa para essa época visto que foi no Romantismo que se buscou uma identidade nacional. Os indianistas pretendiam fazer deste não só um personagem literário, mas um herói. Porém, foi totalmente europeizado em muitos romances. Os nacionalistas nem se preocuparam com a condição do negro, afinal, o movimento romântico estava direcionado à classe dos senhores de terra e escravocratas. Quanto aos escravos africanos, sabemos que viveram por longos séculos sendo explorados e discriminados pela sociedade que por aqui surgia e vivia. A população brasileira que se formava seguia os costumes europeus. O negro foi obrigado a deixar sua cultura, esquecer sua religiosidade e aceitar a religião Católica e adorar aos santos dela. Outro autor do romantismo brasileiro é Luiz Gama (1830-1882), autor do livro Trovas Burlescas (1859), que se destacou pelos seus escritos e pela posição que adotou diante dos aristocratas e políticos da época. Além da sua autoafirmação como negro, Gama, diferente dos românticos, não exaltou o índio como elemento nacional. Os dois poetas, Guimarães e Gama, foram contemporâneos visto que enxergaram as trevas de sua época, viram e falaram dos problemas existentes, além de utilizarem um tema polêmico e até proibido: a afro-brasilidade, além de muitos personagens negros. Sendo assim, faremos um estudo comparado entre os poemas A Orgia dos Duendes (1865) e Uma Orquestra (1859), já que ambos relatam um ritual de origem africana, sendo abordados de maneira distinta por seus autores e que será aqui comparado. Por não ser permitida tal festa, os autores utilizam alegorias e disfarces para mascararem o tema. Faz-se importante essa análise, pois a cultura dos negros escravizados ainda é tabu na sociedade, sendo estigmatizada e estereotipada. Como a proposta do simpósio abarca desafios, o debate sobre essas manifestações é fundamental para os estudos na contemporaneidade. A pesquisa tem cunho bibliográfico e tem como aporte teórico Giorgio Agambem, Stuart Hall, Roger Bastide, Adeítalo Manoel Pinho, Lígia Ferreira, dentre outros.