Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D'ÁGUA E VIVA O POVO BRASILEIRO: DA ANCESTRALIDADE À REPRESENTAÇÃO DOS EGUNGUNS
ROSÂNGELA SANTOS SILVA
O presente trabalho versa em torno dos romances: A morte e a morte de Quincas Berro d’Água (1959) e Viva o povo brasileiro (1984) dos autores baianos Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro respectivamente. A premissa básica na qual se fundamenta o estudo feito sobre determinadas obras consiste em expandir os horizontes em torno das religiões afrobrasileiras como protagonistas de uma história de vida com direitos/deveres, com igualdade, bem como, perpetuar a busca da construção de um panorama literário que valorize os adeptos dos Candomblés como seres sociais. Os negros iorubanos, escravizados no período da colonização, trouxeram para o Brasil o culto ritualístico chamado egunguns e como tradição religiosa veneram seus ancestrais considerando que a morte não é o ponto final da vida. Durante muitos anos tentaram, principalmente com repressões, abolir aos africanos, o direito de evocação à sua fé religiosa. Apesar de tudo, resistiram preservando-a em seus rituais, aderindo assim uma legião de adeptos hoje considerados filhos e filhas de santo que, por meio do culto aos antepassados, veneram ancestrais tanto africanos quanto brasileiros. Dessa forma, a morte antes nagô, hoje pode ser considerada uma morte afrobrasileira. A despeito das inúmeras injustiças sofridas pelos adeptos das religiões de matriz africana, depreende-se dos textos em análise, uma série de características marcadoras do legado religioso africano, sobretudo do ritual egungun. Mediante conjunto simbólico que é transmitido de forma repetitiva(caráter de atualização de vida), tal grupo, encontra no passado forças e influências relevantes para conduzir o presente. As narrativas em estudo descrevem o ritual egungun, declarando a importância de se manterem vivas tais raízes e de se valorizar ações que continuam sendo desenvolvidas pelos afrodescendentes. Nesse sentido, pode-se inferir que ambos os autores buscaram na literatura uma maneira de romper com os muros da ignorância social que ainda ocultam a verdadeira identidade religiosa dos adeptos das religiões de matriz africana. Ao criar narrativas que apontam traços que podem ser associados a reflexos da realidade, tais escritores chamam atenção para a religiosidade do afrodescendente presente e atuante na contemporaneidade. O objetivo central desse trabalho é analisar as obras já citadas fazendo uma possível leitura comparativa dos elementos constitutivos do Candomblé na Bahia, priorizando o ritual egungun a fim de evidenciar similaridades e/ou disparidades existentes nas narrativas. Para tanto serão acionados alguns postulados teóricos como: Edward Said, Stuart Hall, Juana Elbein dos Santos, dentre outros.
Palavras-chave: JORGE AMADO, JOÃO UBALDO RIBEIRO, EGUNGUNS
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