Esta comunicação propõe o estudo de narrativas de resistência perpassadas por uma mística quilombola escritas, contemporaneamente, por escritores negros das Américas. Uma vez que a presença negra em solo americano remete ao sequestro transatlântico e à prática da escravidão em diferentes regiões de cada país e do continente americano, desafia e impossibilita uma narrativa una, nacional ou continental. A possibilidade analítica aqui proposta apoia-se, tampouco, em um critério historiográfico: propõe, antes, a recorrência de um tema na literatura negra contemporânea das Américas: o ideal de liberdade e dignidade, especialmente como contraposto à prática da escravidão, em seu viés histórico e em suas formas contemporâneas de despossessão econômica e injustiça social. Pensa-se, especialmente, a práxis de uma escrita de resistência, lugar transgressivo de manutencão e difusão da memória e identidade afrodescendente a partir do olhar do negro sobre a escravidão de direito (=histórica) e de fato (novas formas sociais e políticas da escravidão). Afinal, como Conceição Evaristo (2010) ressalta, a palavra poética é não apenas um modo de narração do mundo, mas a expressão de um desejo utópico de construir um outro mundo que revela o descontentamento com a rodem estabelecida. Nesse contexto, e especialmente para os povos colonizados, a arte torna-se lugar de recriação e resistência, apresentando fatos e interpretações novas de uma história anteriormente apenas contada pela voz e pelo olhar do colonizador. Após definir, em seu sentido denotativo e conotativo os termos quilombismo e maroonage, a comunicação prossegue por analisar como o ideal quilombola se faz presente em textos de três escritoras contemporâneas: a brasileira Conceição Evaristo (Ponciá Vicêncio, 2003), a jamaicana Michelle Cliff (Abeng, 1984) e a americana Gayl Jones (Corregidora, 1975). Escritos com um intervalo de três décadas, os romances exemplificam a persistência com que a discussão do direito à liberdade, exponenciado em face da escravidão em suas diferentes formas, tem-se constituído em forma de exame e reavalização crítica da história negra na América e da contribuição dessa etnia para a formação cultural do continente.como tais narrativas são, fequentemente, informadas por resistên