Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
PODE A HISTÓRIA LITERÁRIA DO PARANÁ SER DIVIDIDA EM PEDAÇOS?
MARCO AURÉLIO DE SOUZA
Este artigo se quer uma reflexão meta-histórica sobre o fenômeno literário. Mais do que isso, sobre um literário circunscrito geograficamente: a literatura paranaense, ou do Paraná. O intuito, evidentemente, não é o de buscar uma especificidade para a literatura desta região brasileira, afim de torna-la algo distinto em relação à literatura brasileira vista como um todo. Muito menos pretensioso, o objetivo deste trabalho é compreender de que modo as parcas tentativas de história literária do Paraná já publicadas recortam seus períodos e ordenam o passado que lhe serve de conteúdo, dado que, nesta avaliação, acreditamos ser possível verificar que tipo de história se produziu ao longo do tempo em relação à literatura do Paraná e, mais do que isso, se estas histórias efetivamente nos permitem pensar a literatura paranaense enquanto problema historiográfico, ou seja, para além de um aglomerado de fontes e autores cronologicamente organizados. Para isso, utilizamos a discussão de Jacques Le Goff (2015) acerca da noção de periodização na historiografia. Para o historiador, não podemos ignorar o caráter indeterminado das periodizações, posto que estas são sempre um objeto de disputa, um termo em negociação. Assim, por trás do ato de periodizar o passado, residem intenções éticas, estéticas, teóricas e ideológicas, o que coloca em relevo a importância das periodizações e de sua compreensão enquanto recurso da narrativa histórica. Do mesmo modo, a história literária também se vale deste recurso e, em seu uso, denuncia aquelas questões mencionadas. Mediante tal reflexão, analisamos, portanto, um conjunto de quatro textos panorâmicos relativos ao desenvolvimento da literatura no Paraná, cada qual oriundo de um recorte temporal distinto. São eles os livros Paraná Mental (1912), de Mariana Coelho, e Introdução à Literatura Paranaense (1988), de Marilda Samways, além dos ensaios introdutórios que constam nas antologias Letras Paranaenses (1970) e 48 Contos Paranaenses (2014), assinados, respectivamente, pelos autores Andrade Muricy e Luiz Ruffato. A escolha se justifica, sobretudo, pela baixa quantidade de textos que nos ofereçam uma visão de conjunto sobre a literatura do estado, destacando-se, neste cenário de ausências, os títulos selecionados. O trabalho comparativo e de análise histórica destaca as diferentes concepções de história, literatura e, mais do que isso, o entendimento do que seria a literatura paranaense neste contexto de narrativas sobre o passado literário do estado, uma vez que a própria concepção do vínculo entre o texto literário e o seu lugar de origem se transformou ao longo do tempo, gerando ruídos teóricos nas visões contemporâneas do fenômeno.
Palavras-chave: PERIODIZAÇÃO, HISTÓRIA LITERÁRIA, LITERATURA PARANAENSE
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