Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
O INACABAMENTO DO LUGAR E A METAMORFOSE DAS IMAGENS: OPERAÇÕES CRÍTICAS DOS POEMAS DE NUNO RAMOS E ANDRÉ VALLIAS
VICTOR HUGO LOPES CORREA BELLO, CARLOS EDUARDO SCHMIDT CAPELA
A proposta apresentada aqui pretende contribuir para o Simpósio intitulado “Poesia contemporânea: crítica e transdisciplinaridade”, a partir da abordagem inicial de pesquisa de mestrado em Literatura na UFSC. Foram escolhidos para compor o corpus de pesquisa os trabalhos do artista plástico, visual e poeta Nuno Ramos e do designer e poeta André Vallias. A contribuição científica parte da análise das operações de inacabamento e oscilações das formas, da inferência da noção de forma fraca (STUDART, 2014), ou seja, de trabalhos que oscilam em torno da forma, tanto em conceito, quanto em procedimento, revelando uma espécie de goma informe, nunca determinada, sempre em potência. Giorgio Agamben (2002) faz uma proposta em "O fim do poema", no sentido de abrir o poema para o futuro e não encerrá-lo num discurso autonomista e tampouco dissolvente. Scramim (2009) observou que desse modo, Agamben, dirige o fim do poema para um lugar - e não um espaço - no qual ele resta como pensamento crítico, ou melhor, o pensamento potência. Em Nuno Ramos (2011), a forma fraca, tem a ver com a procura de usos da potência da imagem moderna, numa virtualização que tende a propor e desfazer toda ideia de ordem ou hierarquia compondo, assim, novas imagens, numa inoperação do comum, ou sua forma fraca, indefinida e potente ao mesmo tempo. Em Junco (2011), Nuno Ramos, parte de um projeto em que os poemas se encontram associados às fotografias numa construção de séries metafóricas e imprevistas através de uma remontagem de forças semelhantes e dessemelhantes que estariam em jogo, com o que podemos pensar o trabalho da arte, com Rancière, posição próxima da montagem posta em ação por Jean Luc-Godard, por exemplo (RANCIÈRE, 2011), e se estabelecermos a fusão arte-fotografia observada nesse trabalho de Nuno trata-se dos desafios da transição da fotografia, de seu status de ferramenta para o de material da arte contemporânea (ROUILLÉ, 2009). Já, Totem, de 2013, um trabalho digital que virou “instalação” em espaço físico, vídeo animação na web e, álbum gráfico, em forma de onomatopoema, pode ser lido como livro ou montado como exposição. André Vallias arma através de procedimentos verbivocovisuais, uma montagem de 222 nomes de povos indígenas com imagens de fundo do Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendajú, a partir de uma manifestação das redes sociais, quando uma porção de gente incluiu “Guarani Kaiowá” em seu identificador pessoal, afirmando assim sua solidariedade com este povo indígena do Mato Grosso do Sul. Essa remontagem das imagens que é possível observar nos projetos compõe um atlas e um novo documento que exige uma tomada de posição: ler o tempo e ler as imagens projetadas pelos poemas e pelas imagens fotográficas e multimídia como uma possibilidade imaginativa de decifrar esse tempo saturado de “agoras” (BENJAMIN, 2014). Diante do exposto, pretende-se fazer uma análise de cunho teórico e expositivo das textualidades e procedimentos poéticos em Nuno Ramos e André Vallias, abarcando formas circulantes e inacabadas em seus projetos poéticos que propõem uma operação crítica e relevante na Literatura Brasileira contemporânea.
Palavras-chave: POESIA CONTEMPORÂNEA, TEXTUALIDADES, NUNO RAMOS, ANDRÉ VALLIAS
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