Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
DE UMA VIDA À OUTRA: A ESCRITA DA MEMÓRIA EM PLÍNIO DOYLE
ROSÂNGELA FLORIDO RANGEL
A presente comunicação propõe realizar a leitura de dois momentos do registro da vida literária realizados por Plínio Doyle: a escrita memorialista e a construção da figura dirigente de autor das atas do sabadoyle. Em 1935 Plínio começou a trabalhar com o editor José Olímpio, além de atuar no escritório de advocacia de Haroldo Valadão, José Carlos Coelho da Rocha e de San Tiago Dantas. Da sua relação com José Olímpio, Doyle conheceu muitos escritores, e também recebeu a doação de manuscritos descartados pela editora após a publicação, que ele imediatamente adicionava à sua coleção. Por sua iniciativa e de Carlos Drummond de Andrade, junto a Américo Jacobina Lacombe, criou na Fundação Casa de Rui Barbosa o Arquivo – Museu de Literatura Brasileira, em 28 de dezembro de 1972. No Conselho Federal de Cultura, teve como colegas os escritores Josué Montelo, Gilberto Freire, Afonso Arinos de Melo Franco, Abgar Renault, Rachel de Queiroz, Adonias Filho, Andrade Murici, Viana Moog, Eduardo Portela, entre outros, muitos deles participantes do sabadoyle. No ano de 1999, publicou um relato da sua trajetória profissional e intelectual, obra de caráter memorialístico, intitulada Uma vida. Analisarei essa obra a partir de instrumentais teóricos sobre a escrita da memória, como Costa Lima (História. Memória. Literatura), que percebe na autobiografia um misto de relato pessoal e documento histórico e sua diferença em relação às memórias porque estas destacariam elementos da face pública da experiência de vida de alguém. Será importante também o trabalho de Antônio Cândido (“Poesia e ficção na autobiografia”) sobre a investigação da memória no modernismo. Em contraponto farei a leitura das atas do sabadoyle a fim de perceber o dispositivo memorialístico que organiza o registro das reuniões. A figura de Plínio Doyle Silva foi decisiva para a longa existência (34 anos) desse evento tão singular no Rio de Janeiro. O sabadoyle foi a reunião literária que abrigou importantes nomes da literatura brasileira como Carlos Drummond de Andrade; Pedro Nava; Joaquim Inojosa entre outros e que acontecia frequentemente na residência de Plínio. Restaram dessas reuniões livros de atas em que se pode observar a construção desse espaço de sociabilidade no Rio de Janeiro, marcando a vida literária dos escritores que passaram pelo salão do Doyle. Analisar as atas pode revelar um outro modo da construção da escrita memorialística de Doyle a partir das orientações que o anfitrião apresentava. Discutirei a possibilidade de Plínio ser o autor dessas memórias do sabadoyle pelo compartilhamento do espaço da escrita das atas já que, como proponho, os autores das páginas das atas escrevem "com" Plínio Doyle.
Palavras-chave: PLÍNIO DOYLE, SABADOYLE, VIDA LITERÁRIA, MEMÓRIA LITERÁRIA
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