Temos como objetivo principal fazer um estudo comparado entre dois grandes ícones da contracultura: o pop’artist Andy Warhol e o poeta marginal Chacal. Pretendemos suscitar questões ligadas à figura pública do artista, o corpo do artista em consonância com a obra, a pose, a performance, a máscara. Pretendemos, ainda, pensar como esses artistas transformavam a si próprios em bioescritas, isto é, como suas escritas de si conjugavam vida, corpo, arte, subjetividade, pois ambos se lançaram em projetos autobiográficos. Com Warhol, deparamo-nos com um artista que tinha fixação por beleza, vaidoso, ele usava uma peruca branca para disfarçar a calvície. Sua câmera acabava por transformar homens e mulheres em personagens de si mesmos. Ele mesmo transformou-se em um personagem de si mesmo para o público. Confusão entre vida e arte. Os autorretratos de Warhol criavam para ele personagens? Ou escondiam sua própria identidade (esfacelamento identitário/ apagamento)? Sua postura e seu suporte (uma polaroid) despretensiosos perpetuaram uma sociedade que se mostrava tão fugaz em suas obras. Com Chacal, a problemática de sua poética pode estar na experiência limite entre a poesia e o poeta, arte e a vida, a performance (retomando o grupo dos quais ele participou, como Nuvem Cigana, Artimanhas, Charme da Simpatia e o atual CEP 20.000), o discurso e a máscara. Chacal mantém hoje a mesma postura de mais 40 anos atrás - uma poesia corpo a corpo com a vida, uma força de resistência, uma força heroica, biotônica vitalidade. Para levantar tais questões iniciais, utilizaremos pensadores como Nietzche, para entender “como alguém se torna o que é”; Lacan, a fim de pensar a ideia de estar em cena e, ao mesmo tempo, distanciar-se um pouco para se ver em cena; Barthes, analisar sua teoria sobre pop arte e, principalmente, a fusão do eu com o ele – falar de si em terceira pessoa; Flora Sussekind; Baudrillard; entre outros teóricos que se farão necessários.