Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
MEMÓRIAS LITERÁRIAS DA ESCOLARIZAÇÃO (1890-1910): DRUMMOND & MORLEY
MARIA AMÉLIA DALVI
Este trabalho segue indícios dispersos por duas obras literárias brasileiras publicadas em diferentes momentos, que recuperam memórias da escolarização entre as décadas de 1890 e 1910; tanto a prosa de Minha vida de menina: cadernos de uma menina provinciana nos fins do século XIX, de Helena Morley, quanto os poemas de Boitempo, de Carlos Drummond de Andrade, põem em evidência o (des)lugar do sujeito – com sua singularidade e capacidade de resistência – em um sistema cultural que, idealmente, deveria atender ao processo de esclarecimento e formação cidadã, mas que, no entanto, serve frequentemente à normalização, conservantismo e inculcação autoritária. No desenvolvimento do texto, inicialmente, apresentam-se evidências de uma baixa disposição em tomar as memórias de sujeitos singulares como objetos investigativos relevantes. Problematiza-se, ainda, a noção de memória, repelindo-se a compreensão de uma memória como devaneio, sonho ou processo espontâneo, e agenciando-se uma noção de memória como trabalho ao qual se aplica um sujeito social e historicamente situado; por isso, recuperam-se elementos da discussão sobre (in)especificidades da escrita memorialística e sua disposição in(ter)ventiva no espaço discursivo em que se produz e dá a ler. Em seguida, articulam-se reflexões críticas sobre as obras memorialístico-literárias de Carlos Drummond de Andrade e de Helena Morley. No encaminhamento das reflexões finais discutem-se indícios – hauridos ao texto literário e às lentes teóricas escolhidas – da situação complexa do sujeito que se nega a abrir mão de sua singularidade e capacidade de resistência no processo de educação formal consignado pela sociedade em que se educa.
Palavras-chave: Memórias literárias. Educação escolar. Carlos Drummond de Andrade. Helena Morley
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