A comunicação aborda questões teóricas relativas à tradução e à adaptação de obras literárias e suas implicações no ensino de literatura. Para isso, elege como corpus a adaptação de textos de Machado de Assis realizada pela escritora Patrícia Secco. Com base no princípio de que a tradução é indispensável para a difusão da literatura independentemente do idioma em que é produzida, procura-se discutir diferentes modos desse procedimento, incluindo a adaptação. Do ponto de vista teórico, considera-se que, na tradução de uma língua para outra, a adaptação pode ocorrer em graus variados, conforme se observa na comparação de traduções de um texto clássico traduzido em diferentes épocas. No tocante ao ensino, a importância da adaptação é relevante não apenas para o conhecimento do patrimônio literário universal como também para a leitura de clássicos em língua materna. Ao estabelecer algum tipo de diálogo com autores clássicos, muitas vezes recriando o texto original em contexto contemporâneo, a adaptação tem contribuído para a formação de leitores de literatura. Apesar disso, observam-se com frequência restrições às adaptações, principalmente quando há redução ou simplificação da obra original. A rigor, adaptar ou mesmo simplificar um clássico não é nenhuma blasfêmia, desde que não se engane o leitor. Este deve saber que não está lendo o texto original. Por outro lado, é preciso considerar que ler literatura é também passar por uma experiência nova, de aprendizado de um uso diferente da língua cotidiana. Neste ponto, entra a competência do professor como mediador de leitura, que deveria ser capaz de aproximar da obra literária o leitor em formação, lançando mão de vários recursos, inclusive atualizando sua linguagem.
Palavras-chave: Tradução, Adaptação literária, Ensino de Literatura, Formação do leitor