Este trabalho esboça uma leitura crítica do conto ‘O Jardim das oliveiras’, de Nélida Piñon, destacando os procedimentos de ficção empregados pela autora para trabalhar os elementos da agonía e da tortura e, com isso, construir uma reflexão sobre a interferência decisiva do evento histórico - Ditadura Militar pós-64 - na vida de um sujeito brasileiro. À luz de diversas perspectivas críticas e teóricas acerca da ficção histórica, da intertextualidade e do ponto de vista na narração, é possível emprender uma leitura que faça compreender melhor os aparatos literários utilizados nesse conto, que propôs uma reflexão mais profunda sobre as consequências e as incertezas frente às pressões ideológicas e autoritárias do período ditatorial pós-64. Mais do que calma e certezas após a violência física, aparecem as fissuras e as feridas que reclamam questões infindáveis acerca da censura, da ditadura, da política, do amor e da vida. Afinal de contas, essa dor vale a pena? Quiçá, seja tal questionamento a verdade desta ficção da escritora Nélida Piñon.