Procuramos desenvolver um estudo da representação artística da Angola pós-colonial a partir da comparação entre as obras A Revolta da casa dos ídolos (1979) de Pepetela e Ana, Zé e os Escravos (1980) de José Mena Abrantes. A primeira trata de Angola quando esta ainda pertencia ao antigo Reino do Congo, nos primórdios da ocupação portuguesa no local, contando as aventuras do herói Nanga, líder de uma revolta popular, numa história com pano de fundo na tradição cultural. Em Ana, Zé e os Escravos de 1980, o entrecruzamento das histórias de uma mercadora de escravos e de um ladrão português que ajudava os pobres é levado à cena. Os atos heroicos e seus desdobramentos nas duas peças tomam o passado como ponto de partida para entender o presente, e propiciam representações que procuramos apresentar em uma análise comparatista. Outro ponto em comum nas peças é a mensagem de esperança no futuro, apesar das dificuldades, representada especialmente no elemento estético da luz, que está intimamente relacionado com aquele momento vivido por Angola e com o devir da nação, ponto este que nos permite um olhar para outras artes. Ressaltamos que estas peças de teatro político, apresentam espetáculos que buscam relações palcoplateia de inquietação e estranhamento por meio da arte, para repercutir em crítica e intervenção social.
Palavras-chave: Teatro Angolano. Pós-Colonialismo. A Revolta da Casa dos Ídolos. Aná, Zé e os Escravos