O trabalho examina um grupo de narrativas de língua portuguesa cujas peculiaridades endossam uma estética diaspórica e multicultural. O estudo ressalta categorias como viagem, diáspora transnacionalidade e hibridação, observando a importância das mesmas na constituição dos sujeitos e na investigação de narrativas elaboradas no atual estágio do modo de produção capitalista. A presença da língua portuguesa é um dos critérios delimitadores do corpus do trabalho, o que deflagra, por sua vez, um contexto histórico e político particular. Destacam-se os seguintes textos: O evangelho segundo a serpente (2006), romance de estreia da escritora portuguesa Faíza Hayat; As mulheres do meu pai (2007) e Milagrário pessoal (2010), do angolano José Eduardo Agualusa; Réquiem para o navegante solitário (2007), do escritor timorense Luís Cardoso. Tais livros evocam múltiplos territórios que se sobrepõem e se entrelaçam, informando equações históricas geradas por impérios, colônias e a globalização. Em segundo, apresentam travessias intercontinentais, proporcionando um conhecimento variado de identidades. Com efeito, a categoria viagem transforma-se num dos aspectos centrais. As motivações do excursionar multinacional devem ser analisadas, interrogando-as à luz de uma epistemologia do deslocar-se. Ao tema da identidade ajusta-se o conceito de diáspora. Os resultados de tais empreendimentos e configurações trazem a importância dos processos de hibridação como condição originária dos diversos agrupamentos sociais, em que pese os graus e modos de participação e integração comunitárias. As estruturas narrativas derivam também da biografia de cada autor. Os referidos escritores transitam por diversos países, vivenciando especificidades regionais e locais que acabam por dinamizar os signos da nacionalidade. São habitantes de um mundo marcado pelos efeitos da globalização capitalista.
Palavras-chave: NARRATIVAS DE LÍNGUA PORTUGUESA, HIBRIDAÇÃO, VIAGEM, DIÁSPORA