Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
DE PORTUGAL À ÁFRICA: APROXIMAÇÃO E DISTANCIAMENTO NO (DES) INTERESSE DA NARRATIVA QUEIROSEANA
MARCO ANTÔNIO FULY
Esta comunicação procura mostrar o modo de como o escritor português Eça de Queirós lidou com o tema relacionado à África no final do século XIX. No reportar-se ao período em que Portugal passava por acentuadas crises política, econômica, social e institucional dentro de seus termos, sendo estas potencializadas por emblemáticas questões externas, como a necessidade de consolidar a colonização no espaço africano e equacionar a afronta estabelecida pelo Ultimato Inglês, o presente trabalho tem a intenção de ser uma reflexão a respeito das diferentes perspectivas do pensamento queiroseano no que tange à experiência desse autor – também diplomata e realizador de incontáveis viagens, inclusive à África, que lhe renderam valiosas experiências interculturais – com as pautas relacionadas a este continente. Neste sentido, o registro do seu assumido descontentamento para com os rumos que a nação portuguesa estava tomando naquele conturbado fim de século e, por extensão, a indisfarçável visão etnocêntrica do homem europeu, que concebia o ente africano como um elemento diferente que habita um lugar distante e selvagem, serão pontuados aqui em três instâncias: a literária, que se dará pela análise do romance A Ilustre Casa de Ramires, no qual a personagem Gonçalo Mendes Ramires resolve aventurar-se em África; a política, que será orientada pela expressa discordância do escritor com a insistência de Portugal em explorar as colônias africanas; e pela via exótica, demonstrada, com certa ironia, em um artigo escrito pelo próprio Eça de Queirós intitulado A Decadência do Riso, publicado no ano de 1891, no jornal brasileiro Gazeta de Notícia, no qual fica sugerido que o autóctone africano é um ser inusitado.
Palavras-chave: ÁFRICA, PORTUGAL, CRISE, NARRATIVA
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