Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
ASSASSINOS NO “NOVO NOIR”: OS VILÕES DE JAMES ELLROY NA SÉRIE QUARTETO DE LOS ANGELES.
MICHELLY CRISTINA DA SILVA, JÚLIO CÉSAR PIMENTEL PINTO FILHO
A presente comunicação pretende analisar o perfil dos vilões da série policial "Quarteto de Los Angeles", de autoria do norte-americano James Ellroy. A tetralogia é composta pelas livros "Dália Negra" (1987), "O Grande Deserto" (1988), "Los Angeles – Cidade Proibida" (1990) e "Jazz Branco" (1992) e classificada por muitos estudiosos como “novo noir” dentro do gênero romances policiais. Este subgênero apresenta significativas mudanças quando comparado às primeiras histórias detetivescas do século XIX de autores como Edgar Allan Poe, Charles Dickens e Arthur Conan Doyle ou com os “duros detetives” do hard-boiled norte-americano, já no século XX e cujos principais expoentes foram Dashiel Hammett e Raymond Chandler. No “novo noir”, bem como – e como tentaremos mostrar – no Quarteto de Los Angeles, a narrativa tenta dar mais atenção aos motivos e à psique dos assassinos, fazendo com que estas personagens tenham histórias muito mais complexas e importantes para o andamento da trama. Além disso, nota-se como, ao analisar obras de outros autores do “novo noir”, como por exemplo Patricia Cornwell, Massimo Carlotto e Jean-Claude Izzo, há uma predominância da narração em primeira pessoa e até casos em que o narrador é o próprio algoz. No "Quarteto de Los Angeles" chamam-nos atenção algumas características destes assassinos, aspectos que vão marcar a série como um todo: o homicídio ou a série de assassinatos que estes homens perpetuam são extremamente violentos e deixam grotescas marcas em suas vítimas; todos compartilham uma infância traumática, com pais abjetos ou completamente ausentes e quase todos foram vítimas de alguma violência sexual. Tal passado sempre será apresentado e detalhadamente explorado quando a trama entra na natureza e nos motivos do(s) crime(s) para posteriormente dar-lhe(s) um final – o que não quer dizer necessariamente a prisão do vilão. A busca por uma “origem” ou “fato causador” que cria um adulto disposto a matar compreende grande parte da trama ellroyniana, que acaba assim também se convertendo em romance psicológico. A investigação e o modus operandi policial ainda são essenciais para a decifração do crime, mas a solução não chega se não se entra no passado e na mente dos assassinos.
Palavras-chave: CRIME, ASSASSINATO, POLICIAL, VIOLÊNCIA
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