Anais
RESUMO DE ARTIGO - XVIII CONGRESSO INTERNACIONAL ABRALIC
As formas humanas grotescas em Marido, de Lídia Jorge e, Um casaco de raposa vermelha, de Teolinda Gersão
TÉRCIA COSTA VALVERDE (Universidade Estadual de Feira de Santana)
Tanto em Marido quanto em Um casaco de raposa vermelha, percebemos a destreza poética de Lídia Jorge e Teolinda Gersão em se deslindar um dos aspectos mais complexos das fronteiras entre o humano, o animalesco e o inorgânico: o grotesco. Ambas as escritoras portuguesas contemporâneas tematizam a difícil tarefa de se manter o equilíbrio emocional diante das relações interpessoais e conjugais, como no caso do conto Marido, em que a protagonista é alvo de violência doméstica e, queimada pelo marido, se transforma em uma tocha incandescente, simbolizando a queima do amor, bem como no conto de Gersão, Um casaco de raposa vermelha, em que a personagem principal retorna à natureza primordial do humano, se entregando aos instintos e percepções oriundas do nosso lado fera, ou talvez, besta-fera. Tais críticas de relacionamento do grotesco no humano, presentes nas duas obras das referidas escritoras portuguesas, nos levam a entender que a narrativa contemporânea pode contribuir no processo de nossa autopercepção enquanto seres humanos que, em meio às atribulações da vida moderna, nos perdemos de nós mesmos. Em Marido, Lúcia, a porteira, clama pela atenção de seu marido, suplica aos céus que o mesmo a trate como “gente”. Em Um casaco de raposa vermelha, a empregada bancária precisou “se transformar” em uma raposa para também conseguir ser “gente”. Com estas duas belíssimas obras, faremos um diálogo crítico de entendimento do grotesco como instrumento de análise e autoconhecimento do humano, em meio aos conflitos do ser e estar na modernidade. Utilizaremos como suporte teórico as ideias de Kayser (1986), Sodré e Paiva (2014), Victor Hugo (2019), dentre outros
Palavras-chave: Grotesco; Marido; Um casaco de raposa vermelha; animalização; reificação.
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