Anais
RESUMO DE ARTIGO - XV ENCONTRO ABRALIC
OS FUNDADORES DA REVISTA CONTORNO (1953-1959) OU QUANDO O JUDAICO É UMA INTERTEXTUALIDADE VITAL
MARÍA DEL PILAR ROCA ESCALANTE
Trataremos aqui um exemplo de realização intertextual do judaico a partir da compreensão do judaico como uma escolha subjetiva que se alimenta das tradições judaicas embora se desenvolva de maneira autônoma da estruturação religiosa que se identifica como judaísmo. Partindo da afirmação do historiador Gershom Sholem de que a revelação e a tradição são categorias do pensamento religiosos judaico desenvolveremos aqui algumas considerações sobre o judaísmo como uma identidade dada versus o judaico é uma identidade não necessária nem contingente que se revela no devir da história e que se realiza só a partir da escolha dos seus agentes. O exemplo que trataremos aqui se centra na intertextualidade dos irmãos Ismael e David Viñas quem em 1953 publicam o primeiro número da revista literária “Contorno” que se transforma em referência para a geração que durante os anos subsequentes irá ocupar os centros do pensamento argentino. Para figuras como Beatriz Sarlo, Ricardo Piglia, Josefina Ludmer, Teresa Gramuglio o Jorge Lafforgue, a revista é seu mito fundador. O nome dado é uma clara referência a sus limites imediatos e a adopção de uma atitude proativa perante a realidade sociopolítica que envolve o país durante o primeiro peronismo (1946-1955). Os Viñas são filhos de um casamento misto entre um pequeno burguês com conexiones políticas durante os dois mandatos do radical Hipólito Yrigoyen (1916-1921 e 1928-1939) e uma judia russa que havia chegado à Argentina com cinco anos de idade e que ambos irmãos a definem como a mais crioula – no sentido hispânico- do casal. No entanto, embora não identificam nenhum caráter especificamente judaico nela, ambos irmãos coincidem em considerar ela como sua referência ética mais forte, já seja como limite intransponível que o pai não soube honrar, ou como uma meta existencial, como um norte orientador nas suas vidas pessoais, já seja por fidelidade, no caso de Ismael, ou por impotência, no caso de David. Nos anos do primeiro tercio do século na Argentina, quando a sua mão falava de política, os homes paravam para escutá-la, inserindo-se com essa memória preservadas pelos filhos na tradição que o judaísmo parece ter seguido mais fielmente, isto é, o judaico, a inquietação com o perfil de uma sociedade integrada. A assinação de papeis aos pais não foi imediato se não um processo que impregna a intertextualidade dos dois irmãos. Tidos pela crítica como pensadores de talante existencialista, a opção pela política atravessa o cânon literário da época e derruba autoridade, oferecendo critérios sociopolíticos para a escolha e apreciação de uma nova expressão ética que neles tem origem na compreensão inconsciente, porém dinâmica, do judaico. A compreensão plena chegará, no entanto, após a vivencia de outra marcar judaica, o exílio, quando os dois irmãos se reúnem virtualmente e entrelaçam as suas textualidades para declara as escolhas perante a opção do judaico.
Palavras-chave: REVISTA CONTORNO, ISMAEL VIÑAS, DAVID VIÑAS, LO JUDAICO
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