No limiar da morte, movido pela urgência de uma doença fatal, Yoram Kaniuk passa a escrever no jornal Haaretz um blog semanal no qual trata de diferentes assuntos. Todo relato de si é ficcionalizante, sendo que a autoficção pode ser considerada um gênero híbrido, que mistura realidade e ficção, numa narrativa que oscila entre o autor e o outro ficcional. Ao fazer a opção por escrever um blog, o texto pode ser lido por quem o desejar. É o desejo de comunicação imediata que justifica a opção do escritor. Os temas de que trata são múltiplos, mas todos remetem a uma situação presente, distanciando-se, assim, de um registro realista do passado. Uma avaliação de sua vida e de sua história em e de Israel alimentam o blog do autor durante meses, sendo interrompida com sua morte. Entre os temas de que trata estão: a Shoá, os filhos, a vida em Israel. Para Dubrovsky, todo relato de si é ficcionalizante, mas esse dado não impede que o conjunto de blogs seja uma acerto de contas do autor com o país em que viveu e que ajudou a construir.