A passagem do Theatro d’Arte pelos palcos brasileiros, no triênio em que Pirandello assumiu a direção cênica das suas peças, provocou um debate rico de contaminações, polêmicas, equívocos e contágios que perseveraram muito além do modernismo, acompanhando a fama do italiano ao longo do século. Interessa aqui focar a saída do literato do recinto das letras, coincidindo para Pirandello com a empreitada latino-americana. O fato de ser oferecido como celebridade internacional ou produto “moderno” de circulação global, implicando a exposição ao vivo para uma plateia em busca de entretenimento, forçou uma dinâmica de adaptação do autor ao mercado do espetáculo, tendo por consequência uma performance que tendia a dissolver (mesmo que só para fins publicitários) as fronteiras entre “alto” e “baixo” consumo. Suscitando interesse massivo, suas conferências, assim como de outros ilustres viajantes como Marinetti (que visitou o Brasil em 1926) foram ocasião para uma percepção especular dos processos culturais brasileiros, onde convergências e polêmicas se definiam, também, através de um peculiar contágio por influência do olhar e das opiniões do viajante.
Palavras-chave: LITERATURA E OUTRAS ARTES, IDEIAS VIAJANTES, TEXTUALIDADES, MODERNISMO/CONTEMPORANEIDADE