Camilo Castelo Branco foi um escritor de grande sucesso literário, sua vasta produção atendia aos anseios de um público vasto, disposto a mergulhar nas peripécias enredadas pelo autor lusitano. Muitos desses romances, principalmente os primeiros, como Mistérios de Lisboa, são considerados apenas reproduções do romance-folhetim francês, pois a fase literária era de efervescência desse gênero, logo, essa tendência afrancesada dominou a Europa toda, sofrendo reverberações em várias outras nacionalidades. Contudo, percebemos que a adaptação a moda folhetinesca, era tática necessária para aqueles que tinham o intuito de vender suas obras, haja vista que em meio a grande quantidades de romances traduzidos, os escritores locais tinham que utilizar de estratégias literárias para atrair para si o público leitor, oferecendo a eles “um produto híbrido, ao mesmo tempo suculento para o leitores vorazes de Souvestre, Sue e Dumas, mas com algo a mais em sua preparação, certa cor local, em que o público poderia reconhecer traços de seu rosto [...] (OLIVEIRA, 2011, p. 251). Camilo Castelo Branco foi, talvez, o escritor português que mais se utilizou dessas estratégias narrativas tendo em vista a rentabilidade de suas obras, pois como profissional das letras e primeiro português a viver exclusivamente de sua pena, tinha o intuito de agradar editores e leitores. Nesse sentido, objetivamos nesse trabalho, demonstrar que o romance Mistérios de Lisboa atingiu o objetivo do autor, a obra, filiada a linha folhetinesca do momento, fez sucesso estrondoso em Portugal, além disso, alcançou notoriedade em terras brasileiras, mais precisamente em Belém do Pará, circulando entre espaços destinados a leitura, como o Grêmio Literário Português e nas colunas de venda, do Jornal Diário do Gram-Pará. Fato que comprava que os mistérios camilianos foram bem aceitos, satisfazendo leitores de Portugal e Brasil.
Palavras-chave: Romance-folhetim. Mistérios de Lisboa. Camilo Castelo Branco